São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 1994 |
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Técnico italiano escala Massaro para estréia
SILVIO LANCELLOTTI
Um fog absurdo desabou nos arredores do hotel de Somerset Hills, onde a "Squadra Azzurra" se aloja. Às 8h, toque de levantar dos jogadores de Arrigo Sacchi, mal se via a estradinha que conecta o abrigo com a rodovia 78, cem metros acima. Fazia apenas 18 graus de temperatura, contra o recorde local, o dobro, 24 horas antes. Sacchi decidiu suspender os treinamentos da manhã. Nem mesmo compareceu à entrevista coletiva que o time concede, habitualmente, na Pingry School, um incrível ponto gramado numa imensidão de "maples", as árvores que simbolizam a comunidade, cerca de três quilômetros distante do hotel. O tempo estranho ao menos eliminou uma das preocupações do treinador. A comissão técnica da Itália havia programado uma pelada diante de um bando de jornalistas estrangeiros -e o seu melhor atleta, o ex-craque Gigi Riva, acompanhante da delegação, sofrera uma distensão muscular na véspera, ao fazer o seu "jogging" costumeiro. O mister, de todo modo, continua a curtir uma dúvida crucial sobre a sua escalação para a partida de estréia da seleção da Velha Bota, amanhã, contra a Irlanda, no Giants Stadium, em Meadowlands, trinta minutos de viagem entre matas impecavelmente conservadas. Sacchi já decidiu que Daniele Massaro deve começar o prélio pela direita, no lugar de Nicola Berti. Não sabe, porém, quem colocar no lado canhoto do seu meio-campo –o próprio Berti ou Alberigo Evani. A dúvida tem a sua lógica. Massaro se adaptou melhor ao 4-3-3 com que o treinador pretende, digamos, revolucionar o estilo da "Azzurra". Nunca antes, na sua história, um time da Itália disputou um Mundial com um sistema ofensivo. A ascensão de Massaro, todavia, provocou um outro problema. Diminuiu a explosão da equipe, uma condição melhor solucionada com o vigor desabusado de Berti, apelidado de "Il Cavallo". Em entrevista à Folha, Massaro desconversou a respeito da sua promoção: "Não quero representar o papel de salvador da pátria". Outro atacante da "Azzurra", no entanto, o sempre simpático Beppe Signori, o rei das gargalhadas na delegação peninsular, indiretamente confirmou a escalação de Massaro e de Berti ao explicar o lance que os italianos mais estariam aperfeiçoando, à tarde, numa prática secreta, fechada inclusive aos jornalistas de seu país. "A bola chega aos pés de Roby (Roberto Baggio). Eu cruzo à sua frente, atrapalhando a marcação. Daniele (Massaro) entra pela direita. Nicola (Berti), pela esquerda. Um de nós três fica livre para receber o passe –ou Roby vai ao gol, sozinho na confusão." Modéstia Com um amuleto no pulso direito, um bracelete de ouro e de rabo de elefante, "para dar sorte", Signori recebeu sinceramente emocionado a informação de que os responsáveis pelas 24 seleções da Copa, mais 48 jogadores, dois de cada time, o elegeram logo depois do brasileiro Romário como o provável artilheiro do Mundial. "Eu, atrás de Romário? Uma honra. Romário é mesmo o melhor avante do momento. Eu nem me considero o melhor da Itália." Texto Anterior: Europeus ganham espaço em álbum Próximo Texto: Irlanda luta contra a sede Índice |
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