São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 1994 |
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Travesti disputa com mulher em jogos gay
FERNANDO CANZIAN
Mulheres que se sintam "mais homens" do que parte do sexo feminino também poderão disputar entre as categorias masculinas. No início, os organizadores anunciaram que um homem, por exemplo, só poderia competir ao lado de mulheres se tivesse feito uma cirurgia para mudar de sexo ou tomado hormônios femininos. A regra gerou polêmica e insatisfação entre os atletas. Depois dos protestos, a determinação foi relaxada e acabou-se permitindo que qualquer participante possa competir como membro do sexo que adotou. Em modalidades como patinação no gelo, os organizadores já haviam acertado anteriormente que casais de homens poderiam dançar juntos na prova. Nos esportes coletivos, poderão disputar equipes que, em um campeonato ortodoxo, seriam consideradas mistas, por terem homens e mulheres jogando lado a lado. "A idéia geral é sempre incluir, nunca excluir", diz o diretor-executivo dos Gay Games, Jay Hill. No total, existem mais de 10 mil atletas inscritos nos jogos, disputando em 31 modalidades esportivas. As competições vão do futebol à maratona. Cerca de meio milhão de pessoas devem assistir aos "jogos olímpicos gays". Os Gay Games duram uma semana. O encerramento do evento acontece no dia 25, no Yankee Stadium, o estádio mais famoso da cidade (veja quadro ao lado). Polícia Outro ponto que vinha preocupando os organizadores do evento está sendo resolvido com a ajuda da polícia de Nova York. Os organizadores temem que os gays sejam molestados por torcedores da Copa do Mundo, principalmente italianos e irlandeses, que estarão mais acesos depois do jogo de sábado entre seus times em Nova Jersey, região vizinha a Nova York. "Torcedores de futebol e álcool são uma mistura muito volátil contra gays e lésbicas", diz o diretor do Projeto Anti-Violência contra Gays e Lésbicas da cidade, Matt Foreman. A polícia de Nova York vem treinando esquadrões com 50 policiais para atuar contra eventuais torcedores inflamados. Alguns desses batalhões ficarão responsáveis pela segurança do Greenwich Village, bairro ao sul de Manhattan onde a comunidade gay está concentrada. Em alguns treinamentos, os policiais estão atirando garrafas uns contra os outros em um bar fechado, o Club Mercury, simulando conflitos entre torcedores da Copa e dos Gay Games. O porta-voz dos Gay Games, Martin Collingwood, concorda com o reforço policial, mas acredita que as duas torcidas vão agir "em quartos separados". "Esta cidade é grande demais e tem quartos em número sificiente para todo mundo", declarou. Texto Anterior: Atleta gay visitou o Brasil 24 vezes Próximo Texto: Técnico dos EUA usa calor como "arma" Índice |
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