São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994 |
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Thaide prova que é poeta urbano em novo disco "Brava Gente" é o quarto LP em dupla com DJ Hum MARCEL PLASSE
Tão bom é "Brava Gente", quarto LP de Thaide e DJ Hum, que é crime. Um crime as grandes gravadoras não se matarem para assinar com eles. É uma década de carreira. O começo acaba de sair em CD: "O Começo", justamente. Tudo começou com passos de break, na gangue Back Spin, e o rap da lata –assim chamado porque era marcado por batucada em latas de lixo em frente ao metrô São Bento. "O Começo" traz as primeiras gravações da dupla pelo selo Eldorado, desde a coletânea "Cultura de Rua", de 86. É desta época "Homens da Lei", o primeiro rap contra a polícia gravado no país, meia década antes do "gangsta" rap virar estilo. O CD inclui os LPs "Pergunte a Quem Conhece" e "Hip Hop na Veia", produzidos por Nasi e André Jung, do Ira! –o segundo, com R.H. Jackson. Entre as faixas, destaca-se "Falsidade", pioneira em samplear MPB –a música "Frases", de Jorge Benjor. Mas chega de saudades. "Brava Gente", lançamento independente do Vitrine Paulista, é o disco mais socialmente explícito de Thaide. DJ Hum produz. Melhor, cria. O estilo "def" da dupla nunca foi tão "laid back": relaxadão, arrastado, como as melhores produções do americano Dr. Dre. As letras: no alvo. À queima-roupa. Thaide é, ao lado de Mano Brown, o "grande poeta urbano". Há 15 anos, "Brava Gente" seria enquadrado como material subversivo. Além de aludir ao hino nacional para falar da "brava gente da favela", Thaide canta "Eu te amo, tu me deixas", revirando conhecido slogan do regime militar. "Ligamos a TV e vemos tudo em preto-e-branco. A vergonha e a justiça cobertas com um manto", canta Thaide na faixa-título. Tem que ser ouvido. Texto Anterior: Racionais toca hoje em faculdade de SP Próximo Texto: Legião Urbana é o mesmo depois de quatro anos Índice |
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