São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994
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Clinton reafirma ameaça à Coréia

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Bill Clinton, afirmou ontem que as Nações Unidas continuam o processo de negociações para adotar sanções contra a Coréia do Norte.
Clinton rechaçou as afirmações feitas quinta-feira na Coréia do Norte pelo ex-presidente Jimmy Carter (1977-81), de que os EUA teriam concordado em suspender as sanções.
Em entrevista à rede de TV CNN, Carter afirmou que os EUA teriam voltado atrás depois que o presidente norte-coreano, Kim Il-sung, desistiu de expulsar do país dois inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU).
"Não sei exatamente o que o senhor Carter disse, mas vamos manter as negociações para adotar as sanções", disse Clinton.
Segundo ele, o processo de sanções só será interrompido quando a Coréia do Norte "congelar todo o seu programa nuclear e autorizar inspeções completas em suas instalações".
Somente a partir desse ponto é que os EUA estariam dispostos a negociar "em alto nível" com o governo comunista de Pyongyang.
Carter reuniu-se por mais de três horas e meia ontem com Kim Il-sung em um iate do presidente norte-coreano.
O ex-presidente dos EUA teria dito a Kim que conversou com a Casa Branca "por várias horas" na noite de quinta-feira.
Clinton afirmou que não fala com Carter desde quinta-feira à tarde, quando foi notificado da decisão norte-coreana de não expulsar os inspetores da ONU do país.
Carter está visitando a Coréia do Norte em caráter privado. Ele não tem nenhuma missão oficial, mas tenta esfriar o conflito na região.
A Coréia do Norte impediu que inspetores internacionais acompanhassem a troca de combustível nuclear de sua usina de Yongbyon, no início do mês, alimentando suspeitas de que o material foi desviado para a fabricação de armas.
No começo desta semana, o país anunciou sua saída da AIEA.
Isso abriu caminho para as possíveis sanções, que devem incluir inicialmente bloqueio no comércio de armas e, numa fase posterior, embargo comercial e financeiro.
A ONU suspeita de que a Coréia do Norte tenha produzido armas atômicas em suas usinas nucleares, que há 15 meses estão fechadas a inspeções internacionais.
Os EUA continuam tentando convencer a Rússia e a China a votarem a favor das sanções ou a não vetarem a decisão.
Ambas têm poder de veto no Conselho de Segurança e mantêm relações diplomáticas e econômicas com a Coréia do Norte.

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