São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994
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Mediadores da paz renunciam no México

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O encarregado do governo mexicano das negociações de paz com os rebeldes zapatistas, Manuel Camacho Solís, e o mediador do conflito, o bispo Samuel Ruiz, anunciaram suas renúncias.
A decisão de Solís, divulgada anteontem, foi motivada por críticas do candidato à presidência do PRI (Partido Revolucionário Institucional), Ernesto Zedillo.
Zedillo chamou de "fracasso" a atuação de Solís como negociador.
Os guerrilheiros do Exército Zapatista de Libertação Nacional anunciaram recentemente sua rejeição às respostas do governo às suas reivindicações.
Entre os pedidos da guerrilha estava a renúncia do presidente Carlos Salinas.
A saída de Ruiz foi anunciada ontem. Ele elogiou Solís e disse que "se o diálogo tivesse fracassado, os enfrentamentos armados teriam recomeçado".
Zedillo justificou ontem suas críticas, afirmando que o governo não poderia aceitar as reivindicações dos guerrilheiros.
Ruiz disse que a missão dele e de Solís foi concluída com a conclusão das negociações de paz com a guerrilha.
Ele afirmou que cabe agora à sociedade civil continuar o processo de paz na segunda etapa das negociações. A data e o local do encontro ainda não estão definidos.
O principal mediador entre o governo e os zapatistas passa a ser o governador do Estado de Chiapas, Javier Lopez Moreno.
Os guerrilheiros do EZLN iniciaram em 1º de janeiro uma revolta armada, exigindo a melhoria das condições de vida para os índios do Estado de Chiapas.
Cerca de 150 pessoas morreram em combates até a decretação de um cessar-fogo, em 12 de janeiro. A saída de Solís e Ruiz pode ameaçar a trégua.
As renúncias ocorrem cerca de dois meses antes das eleições presidenciais no México, marcadas para 21 de agosto.
O processo eleitoral foi marcado pelo assassinato do candidato do PRI, Luís Donaldo Colosio, em 23 de março, na cidade de Tijuana.
Solís chegou a ser cotado para substituir Colosio como candidato do PRI, mas o posto foi ocupado por Ernesto Zedillo. O PRI está no poder há mais de 60 anos.
Depois da renúncia, Solís disse que ficará afastado da política até o final do mandato do presidente Carlos Salinas.

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