São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994 |
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Prefeitura do PT quer privatizar serviço telefônico
JOSÉ MASCHIO
A decisão contraria o programa do candidato do partido à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. O programa prevê a revisão de "todas as portarias e decretos emitidos pelo Poder Executivo que burlam o monopólio estatal das telecomunicações". O Sercomtel (Serviços de Comunicações Telefônicas de Londrina) é uma autarquia municipal. O prefeito Luis Eduardo Cheida (PT) determinou ao superintendente do Sercomtel, o vice-prefeito Assad Jannani (PDT), um estudo para transformar o órgão em sociedade anônima. A transformação em sociedade anônima irá permitir a participação na empresa de acionistas (pessoas jurídicas e pessoas físicas). A decisão de Cheida provocou reações no partido. O deputado federal Paulo Bernardo (PT-PR) encomendou à assessoria parlamentar do PT na Câmara Federal um parecer técnico sobre o assunto. Segundo o parecer, transformado em sociedade anônima o Sercomtel poderá perder a concessão da Telebrás (estatal responsável pela telefonia no país) para operar serviços de telecomunicações. O vereador Francisco Roberto (PT), líder sindical dos telefônicos de Londrina, disse que o prefeito Cheida está "na contramão da história do partido". O diretório municipal do PT distribuiu nota à imprensa criticando o prefeito e o superintendente do Sercomtel. Cheida disse que apóia a comissão criada por Assad Jannani para efetuar a transformação, mas não quis comentar a contradição entre sua proposta e o programa petista. Jannani afirma que há precipitações dos "petistas insatisfeitos". Segundo ele, caso eleito, Lula irá "rever o monopólio estatal das telecomunicações". O vice-prefeito nega também que a transformação em sociedade anônima signifique entregar o Sercomtel à iniciativa privada. "Ele vai se transformar para atuar em parceria com a iniciativa privada, em setores como informática, entretenimento e outros, para aumentar os lucros", diz. Baixo custo O Sercomtel foi criado pela Prefeitura de Londrina antes do surgimento da Telebrás. É uma das poucas empresas municipais do país a operar serviço de telefonia. O órgão permitiu que Londrina fosse a primeira cidade do interior do país a ter telefonia celular e a quarta do Brasil, antes mesmo de São Paulo ou Rio. Uma linha telefônica em Londrina custa hoje cerca de US$ 900, quase uma vez e meia mais barata que as linhas da Telepar (Telecomunicações do Paraná), que opera os serviços telefônicos nas outras cidades paranaenses. O baixo custo das linhas faz com que Londrina (418.223 habitantes, segundo a Secretaria Municipal de Planejamento) tenha um telefone para cada 5,6 habitantes. No resto do Estado, atendido pela Telepar, a média, de acordo com o setor de Planejamento Mercadológico da empresa, é de um telefone para cada 7,3 habitantes. Texto Anterior: Candidato agora afirma que vai respeitar lei Próximo Texto: Rejeição a Lula não deve inibir investimentos Índice |
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