São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994 |
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Advogada ganha direito a aborto
ALESSANDRA BLANCO
Segundo os médicos, o bebê tinha um problema cardíaco e não sobreviveria após o parto. "O coração batia um pouco e depois parava. Além disso, havia problemas em diversos órgãos do corpo", disse. O problema foi detectado aos quatro meses de gestação. Sandra passou por quatro especialistas e todos deram o mesmo diagnóstico. No quinto mês de gestação, após realizar todos os exames, Sandra e seu marido, Márcio Antonio de Souza, optaram pela interrupção da gravidez. "Eu sabia há um mês que meu bebê não sobreviveria. O aborto foi a solução." No entanto, Sandra afirmou que, mesmo tendo os laudos médicos na mão, ainda hesitou. "Sou mãe e esperava um milagre, mas a gravidez estava complicada." A advogada disse que após reunir a documentação dos médicos e entrar com uma petição na Justiça a permissão do juiz saiu em 24 horas. Já Glaucia Muoio Gonçalves Raia, 30, soube aos cinco meses que seu bebê não sobreviveria e, mesmo assim, decidiu levar a gravidez até o final. A criança morreu quatro horas depois de nascer. Os médicos explicaram que houve uma malformação durante o desenvolvimento do feto que levou a uma espinha bífida (aberta) e uma hidrocefalia (acúmulo de líquido no crânio). "Os médicos disseram que não havia chances de sobrevivência, mas eu optei por levar a gravidez adiante porque não queria ir contra a natureza." Glaucia afirma que ainda tinha esperança. "É uma coisa de religiosidade. Para mim, seria menos traumático ter o bebê do que fazer o aborto", disse. Texto Anterior: EUA lançam revista só para presidiários Próximo Texto: É possível prevenir malformação Índice |
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