São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Jorginho distribui 'santinho'

MAURICIO STYCER
DO ENVIADO A LOS GATOS

Uma foto do lateral Jorginho estampa cerca de 200 mil exemplares de um "santinho" que está sendo distribuído por uma Igreja batista na Califórnia.
No interior do santinho, Jorginho assina um longo texto no qual relata com franqueza a sua conversão ao protestantismo.
O jogador já declarou que, caso o Brasil vença a Copa, vai doar integralmente o prêmio que receber para obras de caridade.
Além de pertencer ao grupo conhecido como Atletas de Cristo, Jorginho integra o Centro de Cooperação e Desenvolvimento da Infância e Adolescência.
Essa instituição hoje desenvolve dois projetos de assistência social em São Gonçalo (RJ).
O primeiro se chama Oficina do Saber e tenta alfabetizar crianças que vivem na rua. O segundo, Reforço Escolar, visa ajudar crianças carentes que frequentam a escola, mas têm dificuldades.
Um terceiro projeto, ainda no papel, segundo o jogador, vai dar assistência profissionalizante a pessoas carentes na mesma região.
"Deus colocou isso no meu coração: compartilhar com os outros o que eu ganhei. Isso é um privilégio", disse Jorginho após o treino coletivo de sexta-feira.
O jogador não fala muito à vontade desse assunto. Prefere que sua mulher, Cristina, que está chegando aos EUA, fale por ele.
Apesar da imagem de "carola", Jorginho é muito bem-humorado. Uma vez, comentando uma falta violenta que fez num jogador uruguaio, disse: "A Bíblia diz: é melhor dar do que receber".
Mais politizado que a maioria dos jogadores da seleção, Jorginho diz que o país precisa de uma renovação política. "O tetra não vai resolver os problemas do Brasil".
O "santinho", intitulado "O Lance Decisivo", começa com um relato de sua fase negativa: "Em 1985, eu era um dos jogadores mais violentos da defesa do Flamengo e perdi a conta das expulsões e cartões que levei."
Continua: "Sofri tantas contusões que acabei me convencendo que só podiam ter feito um despacho contra mim. Apavorado, comecei a buscar solução nos lugares errados e fui ficando cada vez mais enrolado."
"Um dia, meu irmão, um alcoólatra inveterado, chegou em casa dizendo que tinha encontrado Cristo", escreve.

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