São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994
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Encontros de hoje se preocupam mais com a criatividade aplicada

NIKI NIXON
FREE-LANCE PARA A FOLHA

No início dos anos 80 os hackers eram apenas teens com perfil de CDF que se divertiam invadindo sistemas de computação e telefonia de grandes empresas.
Agiam para alterar dados, acessar informações confidenciais ou deixar mensagens bem-humoradas sobre a vulnerabilidade dos diferentes sistemas de informações.
As técnicas evoluíram a tal ponto que os pequenos crimes de computador, que consistiam em reservas de passagens aéreas ou aumentar o salário dos amigos, deram lugar ao terrorismo eletrônico e à espionagem industrial.
Os hackers autênticos, que pretendiam apenas se divertir, voltaram suas atenções para as redes internacionais de informação e BBS.
Os que tentaram ganhar muito dinheiro com essa atividade acabaram por perder a credibilidade no meio ou sofreram pressões e ameaças de grandes corporações. Para a Justiça, todos eram vistos com igual desconfiança.
"Se você é apanhado dentro de um banco às 3h da manhã ninguém vai querer saber se você estava roubando dinheiro ou apenas deixando um bilhete no cofre", afirma um desiludido com os rumos que a atividade tomou.
Segundo Luiz Guilherme Antunes, 27, o "Luli", diretor do estúdio de computação gráfica Kropki e professor de computação gráfica da USP, as empresas têm seus próprios recursos para "apagar" um hacker.
Utilizam armadilhas em bancos de dados falsos, desmascarando o hacker ou até mesmo espalhando que ele não controla as informações que consegue, que não passa de um perigoso fofoqueiro eletrônico.
Para Luli, a ideologia hacker prega que não deve haver fronteiras para a informação.
Atualmente os eventos internacionais e encontros de hackers não se preocupam mais com a capacidade ou audácia para invadir sistemas, mas com a criatividade aplicada à informática e também em definir quais são os limites legais para ela.
Passada a empolgação inicial má-intencionada e baseada no lucro fácil, os hackers têm oportunidades ainda mais interessantes.
Se informação é cada dia mais sinônimo de poder o livre acesso à informação representa para essa nova geração muito mais que o desafio das pequenas contravenções.

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