São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994 |
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E quem quer beber a "água da vida"?
MARCELO PAIVA
O reverendo Richard Ross, fundador do movimento, espera que os adolescentes de hoje sejam menos promíscuos que os do passado. O lema da campanha: "True Love Waits" (amor de verdade espera). Espera o quê!? Se abraçam, se beijam, se pegam e esperam a bênção papal. O que não pode? Oral pode? Penetrar não pode? E nas coxas? Masturbação não foi, há pouco tempo, discriminalizada? A bem da verdade, alguns artigos do último Concílio do Vaticano não estão claros, mas está lá: masturbação sem excesso pode. Apenas a automasturbação? Masturbar o outro é promíscuo? Quem tem hoje mais de 40 anos, isto é, veio antes da grande festa que começou nos anos sessenta, o "amor livre", lembra-se bem das manobras complicadas que os casais pesquisavam para não ofender a vontade do Criador, nem perder a vaga destinada ao paraíso. Céus, seria tão mais fácil não esperar... * Até hoje, ninguém conseguiu me explicar por que as doutrinas religiosas insistem em controlar a vida sexual de seu rebanho. Era impossível, na minha adolescência, encontrar palavras ou salmos que abaixassem a temperatura de um amasso. Meu corpo queria, o corpo dela queria, mas Deus não queria. No meu corpo, um membro reage ao toque, e se encaixa com exatidão no corpo dela, e Deus nem tem corpo!? Eu tenho um membro pontiagudo extremamente sensível, e ela uma entrada linda e delicada também sensível. Entre eles, uma moral escrita por castos. Por quê? * Segundo a Bíblia, Jesus, com sede no deserto, ao encontrar duas mulheres que carregavam potes com água, diz: "Se me deres desta água, darei a água da vida que, uma vez bebida, sacia a sede para sempre". Para o grande poeta Paulo Leminsky, e eu concordo, isto foi uma divina cantada, evidente que o que os três fizeram depois destas palavras não está registrado. Bonito, não? "Água da vida..." Texto Anterior: QUANDO FURTAR É DOENÇA? Próximo Texto: CARTAS Índice |
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