São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994
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Importação de peças atrasa TV a cabo

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma parte dos 20 mil paulistanos que já assinaram os serviços de TV a cabo começaram a receber as imagens com atraso porque as operadoras afirmam não terem obtido, a tempo, os componentes eletrônicos importados.
Um exemplo: a "operação padrão" dos funcionários da Receita Federal atrasou a liberação, na alfândega, de 5 mil conversores para os clientes da Multicanal.
O conversor é um aparelho que permite, ao monitor comum de TV, a recepção de no mínimo mais três dezenas de canais.
"As coisas se normalizam e agora estamos conseguindo respeitar os prazos que estão nos contratos de nossos clientes", diz José Luiz Andreucci, diretor-geral daquela empresa.
Outra operadora, a Net-SP, teve problemas semelhantes com a importação de amplificadores e equalizadores para sua rede.
São dispositivos que permitem a todos os assinantes conectados ao longo de um mesmo cabo a recepção de uma qualidade homogênea de som e imagem.
"Com algumas exceções no bairro de Higienópolis, nosso maior atraso é hoje de apenas 11 dias além do combinado", afirma Alexandre Annemberg, diretor da operadora.
A Net-SP e a Multicanal distribuem os sinais das emissoras da Globosat e outras programadoras estrangeiras.
Os contratos para a recepção de TV a cabo começaram a ser vendidos no fim do ano passado e as operadoras se deixaram levar pela euforia de seus departamentos comerciais. Não contaram com os imprevistos e hoje se esforçam para não saírem com a imagem arranhada.
A Net, por exemplo, oferece de graça ao cliente um período de assinatura igual ao atraso na instalação do serviço.
Uma terceira operadora, a TVA, que em São Paulo distribui sua própria programação, ainda não começou a vender assinaturas para sua rede de distribuição por cabo.
Antônio Barreto, diretor de operações, diz que a primeira rede, nos Jardins, está sendo "energizada" esta semana e ainda passará por "balanceamento".
São termos técnicos que designam a ativação e testes dos sinais que transitam pelo cabo.
Só depois disso é que as assinaturas passarão a ser vendidas, para a recepção de pacotes feitos a partir de um cardápio de 40 canais.
A TVA já tem 85 mil assinantes paulistanos com MMDS (sinal captado com antena especial) e, ainda no ramo da TV por assinatura, a Net-Sat, que opera por parabólicas, tem 40 mil.
A vantagem do cabo sobre essas tecnologias mais "antigas" (elas existem desde 1989) é que ele pelo menos triplica o número de emissoras à disposição do assinante.
A Multicanal, conforme o bairro do cliente, pede um prazo de 30, 60 ou 90 dias para o início da recepção. A Net, segundo o mesmo critério, dá prazos que variam de dez a 90 dias.
As duas operadoras negam que, ao cobrarem adiantado, aproveitem a inflação alta para especular com o dinheiro do assinante.
Também desmentem versões de que a taxa de inscrição estaria financiando a rede, o que lhes permitiria operar sem qualquer investimento próprio.
Annemberg diz que sua empresa até agora investiu US$ 15 milhões e Andreucci afirma que seus investimentos chegarão a US$ 20 milhões até o fim do ano.
O que coletaram, até agora, não cobre um décimo desses valores, afirmam os dois executivos.

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