São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 1994
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Holanda leva susto mas vira jogo no final

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Durante 32 minutos, o resultado mais improvável da primeira fase da Copa do Mundo de 1994 aconteceu: a vitória da Arábia Saudita sobre a Holanda.
Mas no início do segundo tempo os holandeses empataram e a quatro minutos do final, reestabeleceram a lógica. No final, deu Holanda por 2 a 1.
Apesar do vencedor ter sido o previsível, as 54 mil pessoas que assistiram o jogo de ontem em Washington tiveram muitas surpresas.
A primeira foi um time saudita muito melhor do que se antecipava. Jogadores habilidosos, com bom controle de bola, capazes de trocas de passes rápidos, sentido de marcação por zona e muito espírito de luta.
É verdade que a temperatura em torno dos 26 graus centígrados na noite de ontem equivalia a um frio enorme para os sauditas, que vivem num país em que no verão a oscilação do termômetro é entre 40 e 54 graus.
Os holandeses logo mostraram sentir os efeitos do calor e da umidade enquanto os sauditas jogavam com muita velocidade.
Mas a Arábia Saudita teve os seus problemas inesperados. O principal: perdeu no final do primeiro tempo seu melhor jogador, Majed Abdulah.
Abulah, o "Pelé do Deserto", 35, mostrou em alguns lances por que faz jus ao apelido. Aos 35 minutos, driblou dois adversários pela direita, à la Garrincha, e, se não tivesse tentado simular um pênalti, poderia ter marcado um gol, que teria sido o segundo da sua equipe.
A segunda grande surpresa do jogo foi o gol dos sauditas, aos 18 minutos. O meio-campista Fuad Amin aproveitou um centro da direita, cabeceou baixo e venceu o goleiro Ed De Goey.
O gol inesperado tirou a estabilidade dos dois times. A Holanda passou a atacar sem ordem e os sauditas perderam gols incríveis nos contra-ataques.
A torcida, a grande maioria neutra no início do jogo, passou em peso para a Arábia Saudita e vibrava com a terceira surpesa da partida: o goleiro saudita Mohammed al-Deayea, de 21 anos.
Al-Deayea fez defesas excepcionais no chão com os pés, no alto do gol, nos cantos. No final, o herói foi o responsável pela derrota do seu time: o goleiro saiu muito mal num cruzamento na entrada da área e deixou a bola livre para Gaston Taument cabecear para o gol desguarnecido.
Logo no início do segundo tempo, aos 5 minutos, Win Jonk havia acertado um tiro forte, da intermediária e empatado o jogo que, a partir daí, passou a correr como se esperava desde o início: completo domínio da Holanda.
Mas à medida que o tempo passava e o gol da vitória não saía, os holandeses avançavam e se cansavam cada vez mais, deixando imensos vazios na defesa que os sauditas aproveitaram em contragolpes perigosos.
Dennis Bergkamp, apontado como o principal astro holandês entre os que vieram para os EUA, jogou mal. Errou passes, fez vários chutes a gol sem direção, pareceu sem muita disposição.
O juiz, Vega Manuel Dias, deu três cartões amarelos para os sauditas e dois para os holandeses. Ele foi bem. O seu único erro foi exigir maca para retirar qualquer jogador que caísse, mesmo que estivesse a poucos metros da linha lateral. A maca sempre demorou e muito tempo se perdeu.

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