São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 1994
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Torcida troca beijos com a polícia dos EUA

MAURICIO STYCER
ENVIADO ESPECIAL A LOS GATOS

O que prometia ser uma noite de conflitos acabou em troca de abraços, beijos e fotografias.
O primeiro dia da torcida brasileira em Los Gatos, na véspera do jogo de ontem, começou com os policiais tentando impedir os brasileiros de atravessar a rua fora da faixa de pedestres. Mau começo.
Os brasileiros insistiam em atravessar a rua a 25 metros do local determinado. Estavam numa praça e em frente havia um bar. Estavam com sede. Ignoraram os apelos da polícia, até que os agentes fizeram um cordão de isolamento.
Houve um princípio de tensão, protestos, vaias e gritos, mas os cerca de 100 torcedores acabaram acatando a decisão da polícia.
Chegando ao bar, os brasileiros começaram a beber cerveja na calçada, o que é proibido. Os policiais fizeram vista grossa.
Em seguida, como era de se esperar, os brasileiros improvisaram uma roda de samba. Os policiais ficaram assistindo.
Um deles, o agente Andrew McCuniskey, perguntou ao repórter da Folha com olhar desolado: "No Brasil é sempre assim?"
Momentos antes, McCuniskey havia ganho um beijo do torcedor Eduardo Voss, 22, que vestia uma camisa do São Paulo. "Estou feliz. Esta é a minha primeira Copa", justificou o são-paulino.
A troca de gentilezas alcançou o ápice quando um torcedor convenceu a sargento Tricia Friedrich a posar para uma foto com um boné do Brasil. Loira, alta, feia e mandona, a chefe do policiamento Tricia virou a atração da festa.
O momento mais difícil para Tricia ocorreu quando um grupo resolveu abrir no meio da avenida principal de Los Gatos uma gigantesca bandeira de 21m por 30m.
Tricia e seus homens tentaram impedir, mas os donos da bandeira –21 torcedores cariocas– foram persuasivos: invadiram a rua. A polícia foi obrigada a fechar o trânsito para eles.
Uma brasileira, Samantha Albini, 19, estava se sentindo uma estranha no ninho. Com um sobrinho de 4 anos, ela pedia para não gritarem palavrões. (MS)

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