São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994
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Corregedor questiona Fleury sobre campanha de Munhoz

CLÁUDIA TREVISAN ; CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

O corregedor regional eleitoral de São Paulo, desembargador Márcio Martins Bonilha, notificou o governador Luiz Antonio Fleury Filho e o candidato ao governo Barros Munhoz (PMDB) para explicar o suposto uso da máquina administrativa na campanha eleitoral.
A Coordenadoria de Imprensa do Palácio dos Bandeirantes informou que a assessoria jurídica do governador analisa a notificação e encaminhará uma resposta oficial dentro do prazo.
Fleury e o candidato peemedebista têm três dias para responder ao desembargador. O pedido de Bonilha foi motivado por publicações de impresso oficial com o nome de Barros Munhoz.
O impresso do governo do Estado convidava a população a participar da festa do peão de boiadeiro em São Manuel (278 km a Noroeste de São Paulo).
Além do pedido, o desembargador investiga o suposto auxílio a Munhoz através do programa de distribuição de leite.
No último dia 12, Fleury reuniu, segundo a PM, cerca de duas mil pessoas no Projeto Radial, Zona Leste de São Paulo, para discutir a continuidade do programa de distribuição do leite.
A convocação para a concentração, que serviu de palanque para a candidatura de Munhoz, foi feita pelo Palácio dos Bandeirantes, Secretaria de Agricultura e Comitê Barros Munhoz.
O corregedor já havia notificado o candidato Barros Munhoz pela sua participação na reunião sobre o programa estadual do leite ao lado do governador Fleury.
Bonilha também investiga a participação do candidato peemedebista em solenidade para entrega de 600 ambulâncias a cidades do interior realizada no Palácio dos Bandeirantes no dia 26 de maio.
"Se um evento se transforma em um comício político, é evidente que há uso indevido da máquina administrativa", diz Bonilha.
A Folha noticiou a presença de Munhoz na distribuição de ambulâncias no dia 27 de maio e na distribuição do leite no dia 13 de junho. As reportagens integram as peças usadas por Bonilha na investigação.
Segundo o corregedor, os responsáveis podem ser condenados criminalmente, além de ser impedidos de participar de eleições por três anos.
Bonilha analisa ainda a publicidade do governo Fleury para saber se existe nela conotação eleitoral. "Estou analisando o encarte publicado em revistas", afirmou.
O encarte, com 24 páginas, relaciona uma série de obras e atividades do governo Fleury.
A assessoria de Barros Munhoz diz que o candidato é deputado estadual, participa dos eventos nesta condição e foi um dos idealizadores do programa do leite quando secretário da Agricultura.
Bonilha já pediu informações de Munhoz sobre sua participação nas solenidades oficiais.
Se chegar à conclusão de que houve uso irregular da administração pública, o desembargador iniciará uma investigação que, posteriormente, será encaminhada ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para julgamento.

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