São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994
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Brasileiros adotam o estilo Valderrama

MAURICIO STYCER
ENVIADO ESPECIAL A LOS GATOS

Torcedores brasileiros inauguraram uma nova moda no estádio de Stanford, anteontem, na partida de estréia do Brasil na Copa: o "look" Valderrama.
O apelido se refere ao meia Carlos Valderrama, um dos melhores jogadores da seleção da Colômbia.
Valderrama é famoso não apenas por seu bom futebol, mas também pela vasta cabeleira loira que sempre exibe em campo.
A classificação da Colômbia para a Copa inspirou a criação de uma peruca que imita o cabelão tingido do jogador.
Essa peruca, vendida na porta dos estádios, era usada até então apenas pelos mais fanáticos torcedores colombianos.
Agora, está sendo usada também por brasileiros, mas com uma importante adaptação: metade da peruca loira é pintada de verde, criando uma enorme cabeleira verde e amarela –uma espécie de peruca-bandeira do Brasil.
Para conseguir as perucas, os brasileiros estão sendo obrigados a negociá-las numa espécie de "mercado paralelo" com os torcedores colombianos.
"Eu troquei a minha por uma camisa da seleção brasileira", conta o torcedor Cesar Ordine, 26.
Estudante de computação nos EUA, Ordine esteve em Los Angeles, onde assitiu à derrota da Colômbia para a Romênia por 3 a 1, no último dia 18.
Foi de Ordine a idéia de pintar metade dos fios artificiais da peruca loira de verde, transformando-a numa "bandeira cabeluda" do Brasil. "Quando vi os colombianos com a peruca tive esse estalo", conta.
Dietier Araujo, 30, técnico em computação, morando há 12 anos nos EUA, também adotou o "look" Valderrama. "Achei legal e divertida essa peruca", diz. Araujo pagou apenas US$ 10 pela peruca.
Seu amigo Ordine só tem uma preocupação: "Não vai escrever aí que fiquei parecido com o Biro-Biro (ex-jogador do Corinthians, também cabeludo). Sou são-paulino roxo", diz.
O engenheiro paulista Vagner Pinto, 34, de Sertãozinho, também comemorou a vitória do Brasil com uma peruca à la Valderrama.
Durante a festa, Pinto descobriu uma nova utilidade para o objeto. "Estou aqui disfarçado, tomando uma cervejinha, e até agora ninguém veio reclamar", disse.
As leis da Califórnia proíbem o consumo de bebidas alcóolicas ao ar livre, nas ruas.
Pinto conseguiu ludibriar os policiais, mas pagou mais caro que seus colegas pela peruca: "Tive que dar uma camisa e um boné da seleção brasileira para o colombiano me dar a peruca dele".
Outro brasileiro que está usando a cabeleira Valderrama em Stanford é o folclórico Cláudio "Cotonete", um dos chefes de torcida contratado pela Brahma nos EUA.

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