São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Homem atira em 9 menores e mata 2 no Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Um grupo de nove menores de rua foi atacado a tiros às 22h de anteontem em Botafogo (zona sul do Rio). Dois deles morreram no local. Um terceiro foi ferido no pé.
Três sobreviventes prestaram depoimentos na 10ª DP (Delegacia de Polícia). Eles disseram não saber o motivo do ataque. O autor dos disparos foi descrito como branco, gordo, cerca de 1,80 m de altura e 35 anos, com cabelos curtos e lisos.
Para o delegado Jair Margalho Martins, da 10ª DP, o ataque pode ter sido vingança.
Ele suspeita que as crianças tenham participado, na tarde de anteontem, de um arrastão dentro do ônibus 455 (Méier-Copacabana), no aterro do Flamengo (zona sul).
Em consequência do arrastão, morreu de infarto o professor aposentado Gilberto Ribeiro dos Santos, 55, passageiro que perseguiu o bando e participou da prisão de sete acusados.
Outra hipótese, para o chefe do setor de Homicídios da delegacia, Júlio Gimenez, é que os menores tenham praticado um assalto a ônibus antes de serem atacados.
Os depoimentos de Anderson do Carmo Luz, 11, o Cabeça, Márcio Henrique Santos de Oliveira, 13, o Neguinho, e Marco Antônio dos Santos, 17, o Pai, desmentem as suspeitas policiais.
Eles contaram que, na companhia outros seis menores, iam à Cinelândia (centro) participar de uma roda de capoeira.
Os meninos disseram que pegaram um ônibus da linha Leblon-Largo do Machado, que não passa na Cinelândia. Na praia de Botafogo, teriam decidido saltar e apanhar outro ônibus.
Próximo ao ponto de parada, eles disseram ter abordado um vendedor ambulante de doces.
Segundo os relatos, quando compravam os doces surgiu um homem armado –não disseram qual a arma–, que os teria mandado ir embora e, em seguida, disparado contra o grupo.
Dois deles, Menor e Negão, morreram na hora. André levou um tiro no pé, mas mesmo assim fugiu em disparada.
Cabeça disse que escapou porque correu para a praia. Ele disse ter visto o matador fugir em direção à pista da praia de Botafogo.
Neguinho disse que só não houve mais mortes porque a arma ficou sem munição. Antes de fugir, o assassino ainda acertou um pontapé nas nádegas de Neguinho.

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