São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Maradona será gênio e um 'peso' para time

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

Eu dizia, antes de começar o Mundial, que Maradona, andando, pode fazer muito mais coisas que outros correndo.
Dá na mesma se o marcarem individualmente ou se lhe fizerem falta nas primeiras cinco vezes em que tocar na bola, porque a qualquer momento ele pode ter a oportunidade de fazer um passe genial ou uma finalização fulminante que acabe em gol.
Frente à Grécia, Diego fez o que sabe fazer, mas também é certo que os gregos foram, com certeza, a pior equipe que jogou neste Mundial.
Seria um erro pensar que Maradona será decisivo em todas as partidas, como aconteceu na Copa do México, em 1986, vencida pela seleção da Argentina.
Particularmente, acho que ele pode ajudar sua seleção em momentos determinados e de acordo com quem forem seus rivais.
A obsessão por marcá-lo pode, inclusive, servir para fazer brilhar outros companheiros da equipe, como o goleador Batistuta.
A Argentina teve tudo a seu favor na estréia na Copa. Seus gols foram mortais pelo momento em que foram marcados: um assim que começou o jogo e outro a pouco tempo do intervalo. A partir daí a seleção de Basile jogou sozinha.
Quando deixam, qualquer um pode brilhar, e se esse qualquer um é Maradona, ainda que leve 34 anos às costas e um sem-fim de tratamentos para emagrecer atrás de si, tudo é possível.
Mas não posso mudar minha opinião de que também haverá momentos em que Diego pode se converter numa pesada carga para a equipe.
A solução para este problema, porém, não depende tanto de Maradona, mas de Basile. O técnico argentino tem que dosar o "peso" de seu camisa dez, pois precisa de uma equipe capaz de voar sozinha, sem a ajuda daquela que foi sua estrela mais brilhante.
Por fim, uma menção a dois jogadores que tiveram lampejos de brilhantismo e um futebol muito bom. Um, desconhecido para mim, é o lateral Chamot. O outro é Balbo.
Chamot é rápido, forte, tem técnica e visão de jogo, enquanto que Balbo distribui doses de tranquilidade e sabe explodir quando é o momento.
A Argentina, resumindo, foi bem na estréia, mas sem esquecer que a Grécia é a mesma coisa que nada.

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