São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994![]() |
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Cemin ataca a repressão da arte
BERNARDO CARVALHO
Cemin acredita ter uma missão: ser um paladino contra a repressão perpetrada pela arte contemporânea. "Existem regras. Cada vez há mais coisas proibidas. É muito mais fácil você criar uma repressão nova do que fazer desaparecer uma antiga", disse o artista à Folha, por telefone, de Nova York, onde vive desde 78. Seus objetos –esculturas híbridas, associando formas e materiais disparates– são vistos como uma reação contra o ascetismo e a assepsia do minimalismo. Sua amiga Laura Esquivel (autora de "Como Água Para Chocolate"), de quem foi vizinho em Nova York, vê samba nas escultura de Cemin. "Concordo no seguinte sentido: o minimalismo nos Estados Unidos é um reflexo do puritanismo. O mobiliário Shaker (seita de colonos puritanos estabelecidos na Nova Inglaterra) é muito limpinho, sem adornos. É uma tradição protestante onde a decoração é reduzida ao mínimo." "O meu tipo de mentalidade é muito mais relacionado ao barroco português, onde há um excesso de decoração e cores. Claro que o Carnaval é uma influência", diz. Uma retrospectiva de sua obra foi vista entre janeiro e maio deste ano, no Museu de Arte Contemporânea de Monterrey, no México. Desde que expôs pela primeira vez em Nova York, em 85, na galeria Daniel Newburg, já passou por várias galerias e museus de prestígio, entre eles o Guggenheim (NY) e a Kunsthalle (Viena). Cemin pretende mostrar três trabalhos na Bienal de São Paulo ("os planos podem mudar", diz): "Chair", em madeira e pedra; "Marte", feito no ano passado, em aço; e um tetraedro (pirâmide de base triangular) de 4m, em madeira. A peça se chama "As Novas Religiões de Brasília". LEIA MAIS sobre Saint Clair Cemin em entrevista com o artista à pág. 5-3 Próximo Texto: ENTRELINHAS Índice |
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