São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Editor prefere Bienal a Feira de Frankfurt

FERNANDA SCALZO
EDITOR PREFERE BIENAL A FEIRA DE FRANKFURT

A 13ª Bienal do Livro de São Paulo, que se realiza entre 17 e 28 de agosto próximo, vai dividir as atenções dos editores com a Feira de Livros de Frankfurt, que acontece entre os dias 5 e 10 de outubro, na Alemanha.
A CBL (Câmara Brasileira do Livro) todos os anos organiza a Bienal. Este ano, a câmara coordena também a participação do Brasil como país tema da Feira de Frankfurt.
Este vai ser um ano atropelado para os editores, embora todos pareçam concordar que na Bienal estão suas maiores expctativas.
O editor Carlos Augusto Lacerda, da Nova Fronteira, acha que a Bienal vai sentir mais a coexistência com os outros eventos no país. "Este ano, a Bienal foi antecipada por causa da Feira de Frankfurt. Mas o atropelo vai ser com a Copa, a eleição e o plano econômico", diz.
Para Lacerda, as duas feiras são muito diferentes. "Em Frankfurt se compra direitos mais do que se vende. Não se modifica o perfil das editoras em função da feira. Se você não tinha livros para vender, continua não tendo."
Segundo ele, a Bienal é mais interessante para o editor, porque além do retorno institucional tem o retorno de vendas. "Como tem esse acúmulo de eventos no Brasil, ela está meio sufocada, mas já se tornou um programa, as pessoas já têm o hábito de ir."
Os editores Sérgio Machado, da Record, e Luís Schwarcz, da Companhia das Letras, dizem também que as duas feiras têm naturezas diferentes e que não devem se prejudicar.
Machado acredita que a Bienal do Livro é hoje um investimento seguro. "A Bienal já está bem amarrada e bem implantada, não se deve mexer muito no que tem funcionado bem", diz. Segundo ele, esta Bienal deve ser ajudada pelo plano econômico e será "um sucesso, como foram as últimas".
Luís Schwarcz também se mostra mais otimista com a Bienal do que com a feira alemã. "Frankfurt é uma oportunidade para vender direitos de autores brasileiros. Embora eu ache que não se deva ser muito otimista", diz.
Um dos problemas da Feira de Frankfurt é, segundo Lacerda, que a organização deveria ter dado mais ênfase à literatura e aos novos autores. A editora vai levar à Alemanha seu "dream team", segundo ele: João Ubaldo Ribeiro, Lygia Fagundes Telles e Josué Montelo.
Dois outros integrantes do "time dos sonhos" da editora preferiram evitar os agitos na Alemanha: João Cabral de Melo Neto e Antonio Callado.
Sérgio Machado, da Record, disse que os principais nomes brasileiros de sua editora, Jorge Amado e Zélia Gattai, não têm presença confirmada na feira de Frankfurt. Os dois não sabem se vão porque querem estar presentes às eleições no Brasil.

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