São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Coréias preparam cúpula inédita

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Coréia do Norte anunciou ontem que aceita manter ainda este mês conversações preparatórias com a Coréia do Sul para um encontro de cúpula entre os presidentes dos dois países.
O anúncio foi recebido em Seul como sinal de relaxamento da tensão relacionada ao programa nuclear norte-coreano. Os EUA reagiram sugerindo que podem suspender a iniciativa de impor sanções econômicas ao norte.
Em carta ao primeiro-ministro sul-coreano, Lee Young-duk, o premiê da Coréia do Norte, Kang Song-san, disse que seu governo aceita a proposta de Seul para uma reunião preparatória dia 28 na aldeia fronteiriça de Panmunjom.
O processo poderia levar ao primeiro encontro entre os chefes dos dois governos desde a divisão da península coreana em áreas de influência dos EUA e da URSS, ao fim da Segunda Guerra Mundial.
O ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Han Sung-joo, disse que as perspectivas para uma cúpula nunca foram tão boas.
Um alto funcionário do governo disse que a Coréia do Norte "pela primeira vez parece verdadeiramente interessada" num encontro.
A proposta foi feita pelo presidente da Coréia do Norte, Kim Il-sung, durante a visita a Pyongyang do ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, na semana passada.
Carter levou a proposta a Kim Young-sam, o presidente sul-coreano, que a aceitou imediatamente. Daí surgiu a troca de cartas entre os dois primeiros-ministros.
Funcionários sul-coreanos advertiram que o gesto da Coréia do Norte pode não passar de uma manobra para ganhar tempo e deter a iniciativa dos EUA para que o Conselho de Segurança da ONU imponha sanções a Pyongyang.
Washington está pressionando por sanções porque a Coréia do Norte impede o livre acesso de inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU) a suas usinas nucleares.
Em Bruxelas, o secretário de Estado norte-americano, Warren Christopher, disse que o diálogo sul-norte e um recuo norte-coreano na questão nuclear levariam à suspensão da iniciativa pelas sanções e à retomada de conversações entre EUA e a Coréia do Norte.
Falando após uma reunião com o ministro russo das Relações Exteriores, Andrei Kozirev, Christopher disse que a Rússia agora concorda com a imposição de sanções.
O secretário de Estado sugeriu que os EUA incorporaram ao plano de sanções a proposta russa de uma conferência internacional para discutir a crise norte-coreana.
A China, porém, voltou a reiterar sua posição contrária a sanções. O "Diário do Povo", órgão oficial do Partido Comunista Chinês, publicou extensos elogios à viagem de Carter a Pyongyang.
"Os bons esforços de Carter provaram mais uma vez que o diálogo é melhor do que a confrontação", diz o texto.
Carter foi criticado pela administração Clinton por ter sugerido a suspensão da iniciativa pelas sanções antes que Kim Il-sung fizesse qualquer concessão.

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