São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Persistem dúvidas sobre relações com Ocidente

NICHOLAS DOUGHTY
DA "REUTER", EM BRUXELAS

A Rússia e o Ocidente, recém-saídos de um remendo bastante tosco feito em suas relações no pós-Guerra Fria, parecem estar caminhando para um novo acordo que os ligará numa teia de relações políticas, econômicas e militares.
A dúvida agora é se os dois lados conseguirão satisfazer as esperanças que suscitaram e cumprir as promessas que fizeram.
A Rússia precisa da riqueza e dos conhecimentos técnicos do Ocidente para fazer frente aos enormes desafios da transformação de sua economia despedaçada, além de laços políticos para manter a segurança.
Mas o Ocidente precisa igualmente da Rússia. Sem uma Rússia estável. as chances de se conseguir uma estabilidade de fato na Europa são pequenas.
O importante acordo entre os ex-inimigos sublinhou as recentes disputas sobre questões que variavam desde a Bósnia até o controle de armas e pôs fim às amargas queixas de Moscou de que a Otan ignorava suas preocupações e seu status de grande potência.
Esse não foi o único sinal de que, pelo menos na superfície, a situação entre o Ocidente e a Rússia está melhorando. Apesar disso, os problemas podem mostrar ser muito grandes.
O governo russo, pressionado pelos representantes da "linha dura", que vêem as intenções do Ocidente com ceticismo, está fazendo força para implementar reformas econômicas e enfrentar uma onda de crime organizado.
O resultado é que o Ocidente está pouco disposto a injetar grandes somas de dinheiro novo na economia russa ou admitir a Rússia como membro de pleno direito de grupos como o G-7 ou a Otan.
Além disso, a visão russa de como a segurança deve evoluir na Europa ainda é fundamentalmente diferente da visão ocidental. Moscou quer um papel maior para a Conferência de Segurança e Cooperação na Europa (CSCE), que agrupa mais de 50 países.

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