São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Bertolucci se dobra ao poder do Nepal

FEDERICO MENGOZZI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Como na canção de Herivelto Martins ("Ave-Maria no Morro"), quem mora na cordilheira do Himalaia, já vive pertinho do céu. Não é à toa que os budistas construíram sobre aqueles desfiladeiros um país para a contemplação e a purgação dos males do mundo.
Tanta transcendência levou Bernardo Bertolucci, a orar a 24 quadros por segundo, com o seu "O Pequeno Buda", em cartaz na cidade. Isso depois de tanto "pecar" no "Último Tango em Paris".
Tarefa hercúlea para quem nasceu em Parma, na Emilia-Romagna, região na qual toda ascese sucumbe ante um bife à parmigiana ou um pedaço de queijo parmesão.
Além da geografia política, por mais que desperte a cobiça dos chineses e esparrame sua influência pela Índia, Nepal e Butão, pode-se dizer que o Tibete está além do Tibete. Os budistas tibetanos são encontrados em Lhasa, capital da região autônoma chinesa, ou em Daramsala, na Índia, onde vive o Dalai-Lama.
Para contar a história de dois pequenos Budas –o personagem real (Keanu Reeves) e o menino que seria a encarnação de uma lama morto (Alex Wiesendanger)–, Bertolucci foi a Seattle, nos EUA, e ao Himalaia, na Ásia.
No Nepal, a câmara do fotógrafo Vittorio Storaro passeou por palácios e templos de Kathmandu, Patan e Bhaktapuro e pelas terras baixas de Terai e Pokhara.
A "stupa" à qual o menino e seu pai são levados quando chegam ao Nepal é a de Bodnath, a maior do país e das mais veneradas do budismo, próximo a Kathmandu. No Butão, Storaro ocupou-se com as imagens obtidas no monastério-fortaleza de Paro Dzongu.
Budismo rima com turismo, mas os lamas querem que rime menos. Mesmo assim, não se opuseram ao projeto de Bertolucci, principalmente pelo poder que o cinema tem de difundir idéias.

LEIA MAIS
Sobre o budismo nas págs. 6-12 e 6-13.

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