São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 1994
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Parreira afirma temer ataque camaronês

MÁRIO MAGALHÃES ; MAURÍCIO STYCER
DOS ENVIADOS A LOS GATOS

O técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, passou os últimos dois dias alertando os seus jogadores sobre o risco que correm diante da seleção de Camarões.
"Eles têm dois jogadores muito perigosos no ataque. Mal comparando, esses jogadores (Oman Biyick e Embe) são tão importantes para Camarões quanto Bebeto e Romário são para nós".
Apesar dessa preocupação, Parreira não manifesta publicamente nenhum receio com a nova zaga do Brasil no jogo de hoje: "Aldair é um jogador com experiência internacional e sempre correspondeu na seleção", diz.
A ausência de Ricardo Rocha no jogo de hoje significa, segundo Parreira, a perda de um líder em campo. Em compensação, "Aldair é um jogador mais técnico".
A pregação do técnico do Brasil tem sido no sentido de abafar qualquer sentimento de euforia ou favoritismo em relação à partida contra Camarões.
"Em nenhum momento aceitamos a condição de favoritos. Os torcedores podem estar eufóricos, mas não vejo esse sentimento entre os jogadores", diz.
Depois de assistir ao empate entre Camarões e Suécia (2 a 2) e outros vídeos com partidas da seleção africana, Parreira concluiu: "Camarões tem um balanço que nem o nosso".
O técnico espera que a marcação individual aplicada sobre Romário e Bebeto pela defesa da Rússia se repita na partida de hoje. Por esse motivo, instruiu o meia Raí a se aproximar mais da área para auxiliar os dois atacantes.
Taticamente, Parreira não planeja nenhuma alteração para o jogo. "O Brasil não muda. Nossos adversários é que mudam para enfrentar o Brasil".
A pregação do técnico no sentido de abafar o favoritismo tem funcionado, ao menos publicamente, entre os jogadores.
"Vai ser um jogo mais difícil do que contra a Rússia. Eles têm jogadores velozes, que marcam bem e atacam bem", disse Bebeto.
"Pelo que vi contra a Suécia, em termos de marcação eles jogam um futebol moderno, nada displicente. Em termos de habilidade, lembram o futebol sul-americano", disse Zinho.
Um pouco menos diplomático, o lateral Jorginho diz que Camarões é um adversário imprevisível. "Ao mesmo tempo em que podem fazer uma grande jogada, podem marcar uma grande bobeira no lance seguinte".
Cerca de 1.000 torcedores, segundo a segurança do estádio da Universidade de Santa Clara, acompanharam o penúltimo treino do Brasil para o jogo de Camarões, anteontem à tarde.
O nome de Parreira, pela primeira vez, foi aplaudido. No dia do jogo contra a Rússia, em Stanford, Parreira foi vaiado ao ser anunciado pelo locutor do estádio.
No treino, os torcedores pediram a entrada de Ronaldão e Mazinho no time titular e a saída de Zinho. "É facil falar: `tira fulano'. Até minha mãe fala isso; difícil é fazer uma proposta bem-feita", desabafou Parreira.
(MM e MSy)

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