São Paulo, sábado, 25 de junho de 1994
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Com pena, EUA torcem por Camarões

MAURICIO STYCER
ENVIADO ESPECIAL A PALO ALTO

O apoio maciço dado à seleção brasileira na partida contra a Rússia não se repetiu integralmente ontem, em Stanford, no jogo contra Camarões.
Com pena da seleção africana, os norte-americanos abandonaram o Brasil e torceram abertamente pelos camaroneses. As poucas jogadas perigosas dos camaroneses foram intensamente aplaudido pelo público no estádio.
"Eles são os underdogs", repetiam os norte-americanos no estádio, com camisas, bonés e bandeiras da seleção camoronesa.
"Underdog" é uma expressão de difícil tradução. Nesse caso, significa que os camaroneses são os mais fracos, os que têm menos chances.
Vestindo uma camiseta de Camarões, o estudante Paul Smachlo, 26, disse, rindo, que estava à procura de suas "raízes africanas". Smachlo é loiro. "Sempre gosto de torcer pelos underdogs".
Como ocorreu contra a Rússia, o técnico Carlos Alberto Parreira foi vaiado ao ter seu nome anunciado pelo locutor do estádio.
O cineasta Spike Lee declarou publicamente seu apoio a Camarões. No seu caso, não se trata de torcer pelo mais fraco. Os filmes de Lee são dedicados à causa negra e vibrar pela seleção africana é, para ele, uma posição política.
O roqueiro Rod Stewart, um notório apaixonado por futebol, assistiu a partida da tribuna de honra. Ao entrar, pela arquibancada, foi aplaudido pelos torcedores.
"Quero ver um pouco de bagunça, emoção. Camarões é uma seleção mais ofensiva que o Brasil. Por isso vou torcer por eles", disse o carteiro Jesus Fabela, 45, com uma bandeira da seleção africana.
Brasileiros sem ânimo
Com exceção de algumas torcidas organizadas, os torcedores brasileiros mostraram mais uma vez total falta de animação durante a partida. Só gritaram e cantaram nos momentos de gol.
"O problema é que o brasileiro está muito amedrontado nos Estados Unidos. Não pode isso, não pode aquilo, é complicado", reclamava o comerciante Walter Bortoletto, de Pedreira (SP).
"Os americanos impõem muitos limites. Não poder beber durante o jogo atrapalha a animação", dizia a torcedora de Silvana Dutra, 33, de Astolfo Dutra (MG).
São Paulo
A linha Leste-Oeste do metrô de São Paulo ficou completamente parada ontem, pouco antes do jogo do Brasil.
Cerca de 100 mil pessoas que voltavam para casa foram afetadas, devido a quebra nos trilhos próximo à estação Arthur Alvim.
Os carros ficaram parados das 16h05 às 16h55. Em seguida, os trens voltaram a circular em velocidade reduzida.

Colaborou a Reportagem Local

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