São Paulo, sábado, 25 de junho de 1994
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Técnicos garantem as 'zebras' Suíça e EUA

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

Suíça e Estados Unidos são, junto com a Alemanha, as primeiras seleções a alcançar as oitavas-de-final.
No caso dos suíços, não creio que possamos falar em surpresa. Eu, pelo menos, não vou fazê-lo porque, antes de o Mundial começar, comentei que os suíços estavam capacitados para passar à proxima fase.
Já em relação aos anfitriões, pode-se qualificar sua classificação de ilógica –sobretudo quando se considera que eles tinham de vencer os colombianos ou os romenos.
Gostaria, porém, de falar sobre os técnicos das seleções suíça e norte-americana, pois acredito que eles tiveram grande responsabilidade no êxito de seus times.
O britânico Roy Hodgson se formou na Inglaterra, mas se destacou principalmente quando comandava a equipe do Malmoe, na Suécia, há seis ou sete anos.
Ele conseguiu agrupar na equipe alguns jogadores com uma base técnica correta e uma boa forma física.
O jogo da Suíça é simples. Mesmo depois da vitória por 4 a 1 sobre a Romênia, não se pode assegurar que os suíços fizeram uma grande partida.
Hodgson conseguiu armar um lado esquerdo que é o melhor da equipe e no qual se destacam os jogadores Sutter e Chapuisat.
Pelo lado direito, embora não haja grande qualidade, dificilmente cometem erros.
Com sua frieza, seu futebol simples e sem nenhum jogador excepcional, a Suíça poderá avançar ainda um um pouco mais neste campeonato.
Se o técnico da Suíça fez um bom trabalho, o mesmo se pode dizer de Bora Milutinovic, técnico dos Estados Unidos.
Ele já possuia a experiência de ter participado de dois mundiais com seleções que não estavam entre as favoritas.
Em consequência, precisou desenvolver um trabalho mental importante com seus jogadores para convencê-los de que poderiam chegar longe no campeonato.
Agora, nos Estados Unidos, teve que trabalhar contra o ceticismo gerado por um esporte que quase ninguém ama neste país.
Mas Milutinovic encontrou um grupo humano que acreditou nele e que, como bons atletas norte-americanos, se entregaram à preparação com uma ilusão contagiante.
E foi essa ilusão, combinada com a experiência de Milutinovic, que levou este grupo a surpreender no mundial.

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