São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994 |
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Dimenstein depõe em ação movida por Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O diretor da Sucursal da Folha em Brasília, Gilberto Dimenstein, depôs anteontem na 7ª Vara Cível do Distrito Federal, como testemunha no processo movido por Luiz Inácio Lula da Silva contra a empresa Folha da Manhã S/A, que edita a Folha e a Folha da Tarde.Em seu depoimento, Dimenstein afirmou que o então tesoureiro do Sindicato dos Rodoviários do ABC, José Leite, lhe transmitiu a informação sobre a transferência de recursos do sindicato para a tendência "Articulação" do Partido dos Trabalhadores. Dimenstein acrescentou que o sindicalista assassinado em janeiro deste ano, Oswaldo Cruz, então presidente do sindicato, confirmou a informação transmitida por seu tesoureiro. O jornalista foi a primeira testemunha a depor. Ele é autor da reportagem que motivou o processo de Lula, candidato do PT à Presidência da República. Lula, liderança máxima da "Articulação", alega ter sido caluniado. Publicada em novembro do ano passado, a reportagem apresentou como ilustração cópia do balanço financeiro do Sindicato dos Rododiviários, no qual aparecia a ajuda à "Articulação". Logo depois dessa reportagem, Cruz afirmou publicamente que Lula e o PT receberam outros auxílios eleitorais do sindicato. Chegou a se referir a desvios de recursos e pediu abertura das contas da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Ligado à "Articulação" do PT, Cruz teve frustrada sua candidatura a deputado e, tempos depois, foi expulso da direção da CUT-SP. No depoimento, Dimenstein frisou os princípios básicos do jornalismo praticado pela Folha de S.Paulo, baseados na independência jornalística e no apartidarismo. Esses princípios orientaram, segundo ele, a investigação. Afirmou que a reportagem não tinha nenhum interesse político ou partidário, exceto o de informar o leitor sobre um tema relevante como o financiamento eleitoral. Ele disse que, antes de a reportagem ser publicada, o jornal teve a preocupação de ouvir o outro lado. No mesmo dia foram, foram divulgadas entrevistas com lideranças do PT como o deputado José Dirceu e o presidente da CUT, José Feijó, negando a informação da transferência de recursos. Dimenstein argumentou que uma das indicações de que não estava movido por questões partidárias ou políticas contra o PT foi o agradecimento que lhe foi feito pessoalmente por Lula. Logo após o assassinato de Oswaldo Cruz, Dimenstein classificou, em uma de suas colunas na Folha, de exploração política e demagogia a tentativa de vincular a morte de Oswaldo Cruz a uma ação do PT. Lula elogiou o esforço jornalístico em impedir uma manipulação contra sua candidatura. Texto Anterior: As regras dos bárbaros Próximo Texto: FHC diminui meta do PSDB para irrigação Índice |
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