São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Tráfico causa metade dos homicídios no Rio

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

Mais da metade dos assassinatos registrados na cidade do Rio de Janeiro em 1992 teve relação com o tráfico de drogas, incluindo as mortes durante ação da polícia e nas disputas entre traficantes.
O dado consta de pesquisa realizada nos últimos meses pelo Iser (Instituto para Estudos da Religião), organização não-governamental com sede no Rio.
As informações foram levantadas nas 40 delegacias policiais da capital do Estado.
A amostragem usada na pesquisa é de 486 casos de homicídios dolosos –quando o criminoso tem a intenção de matar.
A pesquisa revela que a maioria das vítimas de assassinatos são homens negros, pobres, com idade entre 15 e 24 anos.
Os bairros mais violentos são Bangu (zona oeste), Madureira e Ramos (zona norte).
O nível socioeconômico das vítimas foi obtido pela relação entre grau de instrução e poder aquisitivo: quanto menor a escolaridade maior a pobreza.
"Queríamos saber quem está morrendo no Rio e o motivo", diz o antropólogo Luiz Eduardo Soares, 40, coordenador da pesquisa. Segundo ele, as disputas entre microgrupos de traficantes explicam parte das mortes.
"Não existe monopólio no tráfico e as guerras entre quadrilhas são frequentes. Ao mesmo tempo, adolescentes excluídos socialmente vêem no tráfico uma forma de se afirmar e ascender", diz Soares.
Para ele, não só consumidores e integrantes das quadrilhas de traficantes estão morrendo, mas também vizinhos, colegas, namoradas e parentes que moram nos locais onde as quadrilhas atuam.

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