São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Grandes lojas se preparam para a troca das moedas

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem choques, congelamentos ou confisco da poupança. O Plano Real promete não causar susto. Boa parte das medidas já foi anunciada e a fase da urvização dos preços acabou sendo um treino.
No dia-a-dia da economia, porém, a situação não parece sob controle. Os profissionais que lidam diretamente com o público -balconistas, taxistas, cobradores de ônibus- continuam desinformados sobre a conversão para o real.
O comércio parece tranquilo. O presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Abram Szajman, diz que "operar com duas moedas vai ser complicado". Mas, ele acredita que os comerciantes já estão preparados.
Para Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo, "o plano está bem digerido." Isso não significa que as dúvidas serão poucas.
A confusão pode começar logo de manhã, diz Solimeo. A padaria vai abrir às 7h e o banco, na sexta-feira, às 9h. A desinformação sobre as regras de conversão das moedas e a falta de cédulas de real no caixa da padaria podem fazer com que as vendas continuem em cruzeiros reais no início da manhã, já na era do real.
Planejamento para operacionalizar a trocas de moedas no comércio existe mesmo só nas grandes lojas. Há dez dias, o Mappin treina 7.000 funcionários para a "operação de guerra", conta o diretor Sérgio Orciuolo.
A rede, com 11 lojas no Estado de São Paulo, vai trocar os preços de 80 mil itens na noite de quinta-feira e na madrugada de sexta-feira. O Mappin planejou distribuir folhetos de orientação. Caixas receberão só reais; outros, apenas cruzeiros reais.
A Mesbla não vai separar as caixas registradoras como o Mappin. Nas 45 lojas espalhadas pelo país, cerca de 2.000 funcionários serão mobilizados para a troca de etiquetas. O treinamento do pessoal já está em andamento.
O Clube dos Lojistas do Shopping Iguatemi vai distribuir aos lojistas cerca de 400 exemplares de um manual esclarecendo dúvidas, diz Auro Aldo Gorgatti, gerente do Iguatemi.
A rede de supermercados Carrefour, com 31 lojas no país, diz que há mais de um mês está treinando os funcionários.
"Vai faltar troco em real no primeiro dia", prevê Wilson Tanaka, presidente do Sincovaga, que reúne 35 mil pontos de venda de alimentos no Estado de São Paulo.
Isso porque, segundo ele, o pequeno comerciante tem menos poder de barganha na negociação com os bancos para reservar a quantia de real.
O nível de informação dos bancários não é diferente. Até sexta-feira, as orientações da cartilha sobre o real, elaborada pela Febraban, não tinham sido repassadas para o pessoal da linha de frente dos bancos, segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo.

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