São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Jussara Freire troca o teatro pela TV

MURILO GABRIELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário da maioria de seus colegas atores, que dizem permanecer na televisão por uma questão de sobrevivência, Jussara Freire –a Clotilde de "Éramos Seis", do SBT– afirma sem vergonha que prefere atuar em novelas.
Por se realizar plenamente como atriz na telinha, a paulistana Jussara, 43, recusou o convite do ex-marido Marcos Caruso –com quem foi casada por 20 anos– para entrar na sua peça "Porca Miséria", em substituição a Jandira Martini.
Jussara considera o trabalho em TV "mais difícil" que em outros meios. "Não há tempo para corrigir a má atuação de uma cena, como no teatro".
A atriz estava no elenco da versão anterior de "Éramos Seis" –exibida pela Tupi em 1977.
O repeteco, porém, não lhe causa sensação de "déjà vu". "Na outra versão fazia a Olga, agora interpretada pela Denise Fraga. São duas personagens quase opostas."
O fato de Clotilde não ser o estereótipo da solteirona foi o principal argumento a convencer Jussara a aceitar o papel. "Ela não é amargurada e invejosa. É, na verdade, bastante generosa."
Clotilde –que não teve coragem de assumir o romance com um descasado na primeira fase da novela– será a principal incentivadora do envolivimento da sobrinha Maria Isabel (Luciana Braga) com um desquitado.
A grande virada na carreira de Jussara foi em "Pantanal". Sua personagem Filó caiu no gosto popular e ela passou a experimentar um prestígio inédito.
"Foi o melhor momento da minha vida. Não apenas em termos profissionais, mais também pessoais: mudei minha maneira de encarar a vida e o mundo". Vem dessa época uma espécie de consciência ecológica.
Segundo Jussara, o sucesso de Filó se deveu à sensualidade por ela imprimida à personagem. "Nunca descambava para essa sexualidade explícita que inunda atualmente a TV e da qual não gosto."
Antes de "Pantanal", Jussara havia ficado afastada das novelas por cinco anos –o último trabalho fora em "Jerônimo", do SBT.
Apesar veterana na TV –com passagens pela Tupi, Bandeirantes e Manchete–, nunca participou de produções da Globo.
O único flerte com a emissora carioca ocorreu em 1982. "Fui contratada para o elenco de `Terras do Sem Fim'. Após gravar vários capítulos, fui avisada de minha dispensa na porta de casa, por uma produtora", conta.
A alegação: não possuía o "physique du rôle" adequado. A substituta: Sura Berditchevsky. "Nunca entendi o porquê. Eu e Sura somos parecidas, poderíamos intrepretar duas irmãs."
O trauma foi grande. "Até meu cabelo começou a cair." No entanto, afirma não guardar mágoas da rusga. Caso a Globo lhe oferecesse um bom salário e papel, a atriz aceitaria o convite sem problemas.
Assídua frequentadora dos palcos –seu último papel foi em "As Bruxas", que também deixou para se dedicar à novela–, tem pouca experiência em cinema. Fez apenas quatro filmes de pouca expressão.

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