São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Itamar defende revisão exclusiva, diz Simon

CONTINUAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Folha - O governo foi acusado de omissão em relação à revisão. Porque agora tomou a iniciativa de defender uma nova reforma, via assembléia exclusiva?
Pedro Simon - Em primeiro lugar, o governo não foi omisso. Encaminhou várias emendas. O que não fez foi se meter na revisão.
Folha - Mas quando quis que a revisão criasse o Fundo Social de Emergência o governo mobilizou sua bancada.
Simon - Sim. Ali foi uma mobilização urgente em termos de um plano econômico que estava em desenvolvimento.
Folha - E porque este interesse agora em nova reforma?
Simon - A revisão fracassou e estamos vivendo hoje um drama. Tem questões que são gravíssimas. A Previdência, por exemplo. Se não for tomada uma providência, ela estoura.
Folha - Itamar poderia enviar uma emenda ao Congresso convocando a assembléia exclusiva?
Simon - É o que estamos debatendo. O senador Josaphat Marinho (PFL-BA), que é um grande jurista, acha que não pode. Ele disse que a Constituinte só pode ser convocada após uma ruptura da ordem legal.
Foi o que aconteceu quando terminou o governo dos militares e o Sarney convocou a assembléia constituinte.
A OAB vai se reunir na próxima semana para emitir um parecer sobre o caso. Vou enviá-lo ao presidente, ao presidente do Congresso e aos parlamentares.
Folha - Quais as vantagens da assembléia exclusiva?
Simon - Ficou demonstrado agora, nessa revisão, que a influência dos grupos é muito complicada. Grupos empresariais de um lado, das estatais de outro. O parlamentar representa interesses do seu governador, do seu prefeito, do seu partido.
Folha - O sr. acha que uma assembléia exclusiva não sofreria as mesmas pressões?
Simon - Pode sofrer, mas o constituinte não sendo político, não sendo candidato a nada e nem podendo ser depois, é mais fácil resistir. E não teria medo de votar medidas impopulares.
Folha - O sr. propôs que os candidatos se comprometam em apoiar determinadas reformas, para serem feitas ainda este ano. Como é sua idéia?
Simon - A tese que eu defendo é reunir um grupo de parlamentares, que não são candidatos nessa eleição, para botar no papel reformas que são fundamentais para o próximo presidente governar. E não as teses conflitantes, como a questão dos monopólios, sobre o qual não vai haver consenso.
Folha - Essas reformas seriam feitas por emenda constitucional, após as eleições?
Simon - Exatamente. Se nós conseguirmos entendimento entre todos os partidos, poderíamos fazer isso entre 15 de novembro até 31 de dezembro. Aí o novo presidente assume com essas mudanças feitas. Uma mudança tributária, por exemplo, precisa ser votada este ano para entrar em vigor no próximo ano.
Folha - Qual é o grupo que vai trabalhar nisso?
Simon - Nós somos um grupo organizado. Eu, o Marco Maciel (PFL–PE), o José Richa (PSDB-PR), o Josaphat Marinho (PFL-BA) -todos senadores. E se pretende na semana que vem fazer uma reunião maior, com senadores e deputados que não são candidatos. Temos que levar o documento aos candidatos até agosto.

Texto Anterior: Itamar defende revisão exclusiva, diz Simon
Próximo Texto: RAIO-X
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.