São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 1994
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Ensino de Alagoas é o pior do país

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Indicadores oficiais apontam o ensino público estadual de alagoas como o pior do Brasil. O índice de analfabetos cresce no Estado e no ano passado superou o do Piauí.
Alagoas recebeu nota zero nos quatro itens de uma avaliação do ensino público dos Estados feita em 1992 pela Secretaria de Educação Fundamental do Ministério da Educação.
Essa avaliação serve para que o ministério defina quanto aplicará em recursos como incentivo aos Estados no ano subsequente.
Em razão do zero, Alagoas não recebeu recursos da secretaria no ano passado. O melhor desempenho ficou com o Piauí, com média 6,5, seguido por Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, com 6,2.
Os itens avaliados foram os seguintes: nível de aplicação da receita; desempenho financeiro na aplicação de recursos transferidos pelo MEC; ganhos reais na remuneração dos professores e política de valorização do magistério.
Alagoas é o único Estado do Brasil onde o analfabetismo cresceu nos últimos dez anos. Esse crescimento foi 3,3% no período, segundo a Secretaria de Educação.
Um total de 71% dos alagoanos são considerados "analfabetos funcionais", ou seja, pessoas que conhecem algumas letras e conseguem escrever o nome.
"Todos os números sobre a educação pública estadual de Alagoas mostram que a situação é de falência, destruição e sucateamento", afirma Milton Canuto, 39, presidente do Sinteal (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas), ligado à CUT e que reúne 22 mil servidores.
Com o objetivo de conseguir melhores salários e condições de trabalho, o Sinteal promoveu 15 meses de greve nos últimos três anos no Estado. Em decorrência das greves, 60% das escolas alagoanas anularam o ano letivo de 92. Em 93, o índice chegou a 30%.
Agora, a secretaria de Educação procura alunos. O secretário, Manoel Augusto Azevedo, diz que o "descrédito" na rede pública de ensino afugentou os alunos.
"Greves e fechamentos de escola deixam a gente sem vontade de estudar", disse Marcelo Silva, 18, que cursa a 6ª série do 1º grau na escola Benício Dantas. A escola foi fechada em 1992 para uma reforma que iniciou há 20 dias.

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