São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Somos os craques do futebol de resultados

MARCELO FROMER ; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Mais uma vitória brasileira, mais um excelente resultado.
Mas o que chama a atenção é outra coisa: por que as vitórias não foram suficientes para trazer de volta a alegria?
Parece que a pior consequência de tantos anos sem ganhar uma Copa é querer ganhá-la a qualquer preço. Como se o título fosse suficiente para fazer renascer a certeza de que temos o melhor futebol do mundo.
Romanticamente, nós ainda acreditamos que a conquista do título deveria ser uma consequência e não a principal causa dessa competição.
O principal motivo deveria ser confrontar diferentes escolas de futebol. Mas nós estamos assistindo a uma imensidão de semelhanças e a principal delas é a satisfação com o mínimo necessário, fazer apenas o suficiente para vencer, o chamado futebol de resultados.
É incrível perceber que as pessoas se utilizam muito do argumento "de que adiantou jogar bonito em 82 se não ganhamos nada?" –como se tivéssemos vencido alguma coisa em 74 ou 90, por exemplo.
A última vez que ganhamos a Copa foi em 70, quando vencemos todas as partidas e, de fato, fizemos por merecê-lo.
Agora está muito nítido o quanto foi grande a frustração da derrota do Sarriá. Com medo de repetir 82, o Brasil preferiu trocar a elegância pela aparente eficiência desse futebol de resultados.
O grande perigo é que esse tal futebol de resultados também só conhece aqueles três únicos e possíveis. E um deles é a derrota.

Marcelo Fromer e Nando Reis são integrantes da banda Titãs. A sua coluna na Copa sai aos sábados, domingos e segundas.

Texto Anterior: Marrocos ainda sonha com sua classificação
Próximo Texto: Itália tenta amanhã o 1º lugar no Grupo E
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.