São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994![]() |
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Real chega no começo da entressafra
SUZANA BARELLI
O setor aposta com o plano em um aumento de consumo –que poderá chegar a 15% nos primeiros meses– e em uma consequente alta nos preços. "Mas não devem faltar produtos agrícolas. Tivemos uma safra recorde de grãos este ano e as importações estão liberadas", diz Carlos Murilo de Mello, diretor de commodities da Cotia Trading. A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de colher 76,2 milhões de toneladas de grãos. O boi, porém, poderá ser o "vilão do real", assim como ocorreu em 1986, na época do Plano Cruzado (veja texto abaixo). "Se a inflação cair como se espera, a população terá mais dinheiro para gastar e os pecuaristas não têm como aumentar significativamente a oferta de bois", diz Vitor Abou Nehmi, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Pecuaristas de Gado de Corte. A consequência, diz Nehmi, será um aumento no preço da carne. Segundo pesquisa conjunta do Procon com o Dieese, um quilo da carne de segunda custava 2,20 URVs em junho de 93 e era vendido por 3,30 URVs na terceira semana de junho deste ano. Walter Winge, analista da agência Safras, diz que o período de entressafra de diversos grãos pode ter pequeno impacto nos preços. "É época de safra no hemisfério norte, as importações já estão liberadas e os preços agrícolas já se alinharam com as altas registradas desde o início do ano", diz. A mudança de moeda não deve reservar grandes surpresas para os produtores rurais, apesar de grande parte da cadeia produtiva ainda estar com seus preços em cruzeiros reais e não em Unidade Real de Valor (URV). "Simplesmente vamos passar do cruzeiro real para o real sem maiores problemas", diz Junji Abe, diretor da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo. "Outros produtos, como a soja, já estão com os preços em dólar há mais de dois anos", acrescenta Mello, da Cotia Trading. A preocupação dos produtores rurais está voltada para a TR (Taxa Referencial), que atualmente corrige o crédito rural. "O complicador para o setor é que os juros devem ficar altos para brecar o consumo e não sabemos como vai ficar o crédito para o produtor", diz Nelson Costa, chefe de economia da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná). LEIA MAIS sobre agricultura no real nas págs. 3 e 4 Próximo Texto: Cruzado aumentou consumo Índice |
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