São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994
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Família de empresário aguarda contato

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

Até as 12h de ontem, os sequestradores do empresário Manoel Alves Lavouras, 63, não haviam feito contato com a família. No último sábado, ele foi sequestrado pela terceira vez.
Segundo o advogado aposentado e amigo da família, Luís Carlos Urquiza Nóbrega, 62, Lavouras foi levado às 13h15 de sábado, no Trevo das Margaridas (acesso à Via Dutra, na zona norte do Rio).
Nóbrega afirmou que dois carros Tempra azuis e um Uno vermelho interceptaram o carro em que o empresário viajava. Os sequestradores trocaram tiros com seu motorista.
Lavouras estaria seguindo de sua empresa de transportes, em Duque de Caxias (35 quilômetros do Rio), para a casa onde mora, na Ilha do Governador (zona norte).
Segundo Nóbrega o caso foi comunicado à 39ª Delegacia Policial (Pavuna, zona norte). "Ele corre sério risco de vida, pois toma diariamente 20 medicamentos, sendo 13 deles indispensáveis", disse.
Dono da Trel, empresa de transporte coletivo que opera na Baixada Fluminense, Lavouras foi libertado do segundo sequestro que sofreu no último dia 24 de maio, sob pagamento de resgate. O valor não foi divulgado.
O empresário havia sido sequestrado pela primeira vez em 93, ano em que seu irmão, também empresário, foi morto no cativeiro.
Português, casado e pai de três filhos, Lavouras é diabético, tem problemas cardíacos e, segundo Nóbrega, iria a São Paulo esta semana submeter-se a uma cirurgia para troca de marcapasso.
"Ele não contratou mais seguranças porque não imaginava que pudesse ser sequestrado de novo."
Segundo Nóbrega, Lavouras costumava ir eventualmente à empresa "para fazer higiene mental". A família Lavouras não quis falar sobre o sequestro e indicou Nóbrega como porta-voz.
O delegado adjunto da DAS (Divisão Anti-Sequestro), Sá Freire, disse que o caso já está sendo investigado e que "algumas pistas estão sendo checadas".
A família Lavouras foi vitimada pelo quarto sequestro em um ano e meio. O caso mais grave aconteceu com o irmão de Manoel, José Lavouras, sequestrado em fevereiro de 93. Seu corpo foi encontrado um mês depois, em Maricá (60 quilômetros do Rio). A família de José chegou a pagar o resgate duas vezes.

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