São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994
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Inflação supera 50% em junho

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento médio de preços no município de São Paulo foi de 48,97% na terceira quadrissemana de junho, segundo levantamento feito pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Para a última quadrissemana de junho, a Fipe já trabalha com a possibilidade de a inflação superar os 50%, por conta das geadas do último final de semana.
A inflação da terceira quadrissemana, medida no período de 24 de maio a 22 de junho, é resultado de uma comparação com preços verificados no período de 23 de abril a 23 de maio.
É a maior taxa desde os 49,99% verificados na segunda quadrissemana de abril de 1990, início do governo Collor.
A taxa de 48,97% representa um aumento de 1,44 ponto percentual sobre a registrada na segunda quadrissemana de junho (período de 16 de maio a 15 de junho), de 47,53%.
O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe é um dos três índices que o governo toma como base para a variação da URV.
O item alimentação foi o que mais pressionou a inflação. Segundo a Fipe, os preços dos alimentos semi-elaborados subiram 51,65%; dos industrializados, 50,29%; dos produtos "in natura", 32,56% e da alimentação fora de casa, 50,54%.
O preço das carnes, por exemplo, chegou a subir 88,35% –é o caso do acém. O alcatra subiu 63,69% e o coxão mole 66,40%.
"Vale lembrar que em maio o preço das carnes subiu cerca de 20 pontos percentuais abaixo da inflação. Já era esperada recomposição de preços em junho", diz Juarez Rizzieri, coordenador do IPC.
Outros alimentos contribuíram para a alta da inflação. O preço do café em pó subiu 93,29%; do arroz, 66,44%; do pão francês, 52,60% e da cerveja, 49,90%.
Para Rizzieri, os alimentos continuam pressionando a inflação neste final de mês, especialmente as hortaliças por conta das geadas.
Em URV (Unidade Real de Valor), a inflação da terceira quadrissemana de junho foi de 4,08%. Na segunda quadrissemana, foi de 3,22%. Para julho, a previsão de Rizzieri é a de uma inflação próxima de 3% e 4%. Para agosto, entre 2% e 3%.
"A inflação a partir de agosto vai depender da campanha política. Se o PT explorar o fato de que há inflação residual de junho que precisa ser repassada em julho para os salários, a inflação pode subir", disse.
A procura por ativos com características de investimentos é dectatada pela Fipe. O preço da linha telefônica subiu, por exemplo, 84,31% na terceira quadrissemana de junho. O preço de veículos (novos e usados) subiu 58,33%, no período.
Na média, a Fipe registrou aumento de 57,13% no setor de vestuário. As roupas para crianças foram as que apresentaram maior aumento, de 72,14%.
Em seguida, vêm roupas femininas (62,72%), tecidos e aviamentos (54,82%), roupas masculinas (52,74%), relógios e jóias (50,33%) e calçados (49,07%).
Hortaliças
Para Juarez Rizzieri, as geadas que atingiram as áreas produtoras de hortaliças nos últimos dias veio agravar o quadro de expectativas em torno da inflação que já era crítico. "É bem possível que o IPC ultrapasse 50% na última semana de junho", afirma.
Ele frisa que não se trata de uma puxada da inflação por causa da quebra na produção de hortaliças, uma vez que elas pesam muito pouco (0,5%) no índice. Apesar de ser pequeno, o efeito nos preços é imediato. Motivo: não é possível formar estoques desses produtos.

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