São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Geada provoca aumento de 25% no preço do café
DA REPORTAGEM LOCAL E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Geada provoca aumentode 25% no preço do caféGoverno fecha registro de exportação; hortaliças disparam na Ceagesp As geadas dos últimos três dias provocaram uma disparada no preço do café nas Bolsas internacionais e no mercado interno. Em Nova York e Londres, o produto subiu aproximadamente 25%, de sexta-feira até ontem. Na Bolsa de Nova York, o café fechou, ontem, cotado a US$ 0,159 por libra-peso (454 gramas); em Londres, a US$ 2.810 por tonelada. Ambos os contratos para entrega em julho. No sul de Minas Gerais, região produtora de cafés finos para exportação, a cotação ao produtor foi de US$ 125 a saca (60 kg) na sexta-feira, para US$ 150 ontem. Apesar do preço alto, os produtores não quiseram fechar negócio, informa Rogério Araújo, diretor da cooperativa Cooparaíso. Nas contas de Araújo, o estrago causado pelas geadas corresponde a redução de 4 milhões a 6 milhões de sacas (60kg) na safra 94/95, a ser colhida em julho de 95. A colheita que começa o mês que vem, estimada em 22 milhões de sacas, não deve ser afetada, mas a qualidade deve cair. "Essa alta deve se refletir no varejo e não há como segurar", diz o corretor Eduardo Carvalhaes. Exportação O governo suspendeu por tempo indeterminado os registros de exportação de café em grão e solúvel, feitos a partir do dia 25. Isso significa que todos os pedidos feitos a partir dessa data pelos produtres de café estão cancelados. A medida foi tomada porque o governo constatou ontem um movimento especulativo do mercado. Após as geadas ocorridas nas madrugadas dos dias 25, 26 e 27 nas principais regiões cafeeiras do país, houve uma corrida de exportadores para pedir registro. O Ministério da Indústria, Comércio e Turismo calcula que do dia 25 até ontem tenham sido registrados mais de 1 milhão de sacas de café. Essa é a média de registros de um mês. Os registros ficarão suspensos pelo menos até que o governo tenha a avaliação exata dos danos –dentro de pelo menos três dias. Carne O efeito das geadas no preço da carne foi contrário aos demais produtos. A cotação da arroba (15kg) do boi gordo, que bateu 23,5 URVs na sexta-feira em São Paulo, ontem já tinha recuado para 23 URVs, segundo o Sindipec. A escala de abates nos frigoríficos aumentou por conta do frio. Para Victor Nehmi, diretor do Sindipec, as geadas atingiram a maioria das pastagens. Isso apressou a desova do boi gordo. Ele estava sendo retido no pasto por causa da troca de moedas. Para Juarez Rizzieri, coordenador do Índice do Custo de Vida da Fipe, o recuo da carne, que pesa 5% no índice, deve mais do que neutralizar o efeito da subida dos preços das hortaliças. Elas respondem por 0,5% do índice. Hortigranjeiros Os preços de verduras e legumes dispararam ontem na Ceagesp devido às geadas. A alta foi de 267,47% para a alface crespa; 204,42% para a alface lisa; 116,51% para o almeirão e 90,15% para o brócolis. O preço da beringela subiu 67,37%; do chuchu, 59,21% e da abobrinha italiana, 38,23%. Claudio Ambrósio, presidente do Sindicato dos Permissionários, diz que a oferta de verduras caiu 70% e, a de legumes, 50%. A geada atrapalhou os planos de produtores e atacadistas para compor a cesta básica de perecíveis a preços mais baixos. Uma lista que teria inicialmente 13 itens caiu ontem para oito. Os produtos, que ficarão com preços estáveis no atacado entre os dias 27 de junho a 1º de julho, são abacaxi, abacate, abóbora-moranga, cebola, maçã nacional, pescada pequena e corvina pequena. Texto Anterior: Olho na Perdigão; Primeiro passo; O guarani; Participação direta; Outra jurisdição; Mantendo mercado; Bancando o custo; Com pressa; Novo mercado Próximo Texto: Cesta básica sobe 6,1% em um fim-de-semana Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |