São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994
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Mercado aguarda definição para juros

JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Faltando três dias para a entrada em circulação do real, o mercado financeiro ainda aguarda que o Banco Central (BC) divulgue as regras que vão prevalecer a partir de 1º de julho.
Depende delas, por exemplo, se a caderneta de poupança será imbatível como alternativa de aplicação ou não.
O vice-presidente do Citibank, Cássio Casseb Lima, diz que o governo, seguindo o caminho de pré-anunciar as regras para tornar a transição a mais tranquila possível, deveria informar desde já "a taxa de juros que será praticada no overnight no dia 30 de junho e no dia 4 de julho (respectivamente, a última taxa do cruzeiro real e a primeiro do real)".
Casseb Lima lista ainda mais cinco pontos não definidos pelo governo. São eles: 1) o novo regime tributário; 2) a forma de correção da Ufir; 3) a regulamentação do artigo 38 da Lei da URV (Unidade Real de Valor), que estabelece um cálculo especial de atualização para dívidas ou aplicações corrigidas especialmente pelo IGP-M; 4) o redutor do cálculo da TR e 5) a data da volta do CDB prefixado de 30 dias.
No primeiro item, estão as alíquotas de IOF, de IPMF e até do PIS que passarão a vigorar com o real. O mercado acredita que as alíquotas do IOF, por exemplo, foram construídas e são compatíveis com uma inflação mensal de mais de 20% –e a inflação, segundo o mercado, deve se conter, no primeiro mês, entre 3% e 5%.
No caso da Ufir, o governo já informou que a taxa vai variar dia-a-dia para o cálculo do Imposto de Renda devido nas aplicações –todas, fora a caderneta, pagam IR sobre o rendimento que supera a variação da Ufir.
Mas ainda não ficou claro, por exemplo, qual será o índice de inflação utilizado no cálculo da Ufir.
A definição desta regra e da fórmula de cálculo da TR (Taxa Referencial) é que vai dizer se a poupança será ou não imbatível.
O mercado não acredita que a TR possa, já em julho, voltar a ter por base de cálculo os juros dos CDBs prefixados (a taxa embute uma expectativa de inflação).
O que se espera é uma mudança no redutor da TR, hoje de 1,2%. Este redutor serve para compatibilizar o rendimento líquido das diversas alternativas de aplicação com a caderneta.
O redutor de 1,2%, porém, só é compatível com o juro real ao redor de 2% a 2,5% ao mês.
Só que em julho, primeiro mês da nova moeda, o mercado espera um juro real mais elevado, da ordem de 3% a 4% ao mês.
Se o juro real subir e o redutor permanecer o mesmo, a poupança continuará como a melhor alternativa até agosto. (JCO)

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