São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994
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Major barra sucessão na União Européia

ANDRÉ LAHOZ
DE PARIS

O impasse em torno da sucessão de Jacques Delors da presidência da Comissão Européia continua de pé. Apesar de onze dos doze países terem concordado com o nome do primeiro-ministro belga, Jean- Luc Dehaene, o premiê britânico, John Major, manteve seu veto e impediu a unanimidade necessária para a aprovação (leia texto abaixo).
"Não haverá consenso em torno da candidatura Dehaene. Não vale a pena perder tempo tentando me convencer a reconsiderar meu voto, pois isso não acontecerá", declarou Major.
O premiê britânco sofreu uma forte derrota política nas eleições para o Parlamento Europeu, e está com a popularidade em baixa no país. Não quer perder o apoio dos deputados "eurocéticos" (contrários ao aumento de poder da União Européia) e, por isso, está tentando forçar a eleição de um nome menos a favor do acordo de Maastricht (que criou a união).
Apesar do recado de Major, o chanceler alemão Helmut Kohl avisou ontem que vai tentar mudar a opinião dele.
O governo francês também já anunciou que não está disposto a mudar de opinião. "A candidatura Dehaene representa o sentimento quase geral", disse o presidente François Mitterrand.
O presidente do Conselho Europeu, o grego Andreas Papandreou, disse ontem que "não há porque onze mudarem de opinião por causa de apenas um".
O próprio Dehaene não está disposto a abrir mão de sua candidatura para tirar a União do impasse. "Nós estamos bloqueados por questões de política interna de um único país, a Inglaterra", disse.
A Inglaterra é tradicionalmente o país que mais restrições coloca às decisões da União. O país costuma encarar com muitas ressalvas qualquer decisão mais forte no sentido do federalismo (maior poder para a União e memor poder para os países membros).
A antiga primeira-ministra, Margareth Tatcher, já havia uma vez barrado a nomeação de um presidente da Comissão Européia. Jacques Delors, o atual presidente da comissão, só foi nomeado para que o impasse criado pudesse ser resolvido.
Analistas apostam que, mesmo se Major conseguir impedir a nomeação de Dehaene, dificilmente forçará uma mudança no perfil do futuro presidente. (André Lahoz)

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