São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 1994
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Governo leva MP à aprovação de tucanos

TALES FARIA ; GABRIELA WOLTHER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro-chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, submeteu ontem ao comando da campanha de Fernando Henrique Cardoso o texto da medida provisória (MP) do Plano Real.
Hargreaves levou pessoalmente a MP à sede do comitê de campanha do PSDB.
O ministro aproveitou que estava ocorrendo a reunião do comando da campanha para discutir a estratégia de tramitação da MP no Congresso.
Integram a direção da campanha os presidentes do PSDB (Pimenta da Veiga), PFL (Jorge Bornhausen) e PTB (José Eduardo Andrade Vieira).
Foi decidido que os partidos da base de sutentação do governo (PSDB-PFL-PTB e parte do PMDB) não farão qualquer esforço para votar a medida provisória antes do primeiro turno das eleições.
Até outubro, o governo pretende reeditar o dispositivo quantas vezes forem necessárias.
O comando da campanha de FHC não se opôs ao valor do salário mínimo expresso na MP: 70 reais a partir de 1º de setembro.
No entanto, ficou acertado que, em seu discurso eleitoral, FHC irá reforçar que defende uma elevação "gradual" desse valor.
A versão oficial para a presença de Hargreaves na reunião é de que ele foi fazer uma "visita de cortesia" ao comitê.
À saída do encontro, o ministro disse que não estava lá como representante do governo, mas como "eleitor" de FHC.
Até a semana passada, Hargreaves estava em atrito com os articuladores da candidatura FHC.
O chamado "grupo de Juiz de Fora", composto por assessores mais próximos a Itamar, chegou a defender um afastamento do presidente em relação ao candidato.
Mas FHC tratou de aparar as arestas com o grupo. Visitou o próprio Hargreaves no Palácio do Planalto e convidou-o a participar da reunião de ontem.
Fiscal do real
A coordenação da campanha do tucano organizou uma estratégia para que ele assuma, a partir da próxima sexta-feira (dia do lançamento da nova moeda), a imagem de "fiscal do real".
Para capitalizar a repercussão do plano econômico para sua campanha, FHC vai deixar Brasília no dia 1º de julho.
Viajará para quatro cidades em Minas Gerais. Em Belo Horizonte, se encontrará com cerca de 300 donas de casa que se uniram em 1986 na fiscalização aos supermercados durante o Plano Cruzado.
Logo pela manhã, o candidato concederá duas horas de entrevistas para rádios locais e nacionais, sempre se colocando como "o pai do plano".
Em Pouso Alegre, Poços de Caldas e Varginha, não está descartada a visita a bancos para ver o movimento de troca de cruzeiros reais pela nova moeda.

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