São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Itália se classifica e teme pegar Argentina
SÍLVIO LANCELLOTTI
Houve quem lembrasse o torneio da Espanha/82, quando a "Azzurra" periclitou na etapa de qualificação mas acabou ficando com a vaga precisamente às expensas de Camarões - para depois arrebatar o sua terceira taça. Arrigo Sacchi, o arrasado mister da seleção, não aceitou a esperança e nem o consolo. "Quando Massaro realizou o seu gol, em sinceramente me considerei classificado. Então, entregamos a igualdade numa sucessão de falhas e de distrações na defesa. O time se enervou. O nosso jogo se transformou em confusão." Antonio Matarrese, o presidente da federação da Bota, também o vice da Fifa, deu um abraço em Sacchi, diante das câmeras de TV da RAI, a rede estatal da Bota, e declarou: "Estou satisfeito. Deveríamos ganhar. O destino, porém, decidiu nos infernizar nesta competição. Quem sabe nas próximas rodadas uma outra sorte nos recompense por tanta penitência". Sacchi concordou: "Verdade, a boa fortuna se esqueceu de nós. Agora, só existe uma coisa a fazer. Aguardar". O clima de funeral também envolvia os jornalistas peninsulares. Giampiero Galleazzi, famoso pela condução do programa "Novantsimo Minuto", que exibe nas tardes de domingo os tentos do campeonato nacional, parecia tão abobado que até se esqueceu de trocar de camisa ao fazer uma intervenção a vivo. Surgiu no ar todo empaçocado, o tecido molhado e o rosto rebrilhando de suor. "Continua o 'íncubo'", disse ele, enfatizando a palavra italiana para tabu e maldição. A "Azzurra" insiste, propõe um batalhão de situações e no instante fatal não consegue anotar o tento decisivo. Precisamos nos benzer". Na chamada "mixed zone", onde a mídia se encontra com os atletas e com os treinadores ao encerramento das pelejas da Copa, nenhum dos jogadores da Itália apareceu. Nada discretamente por lá passou o atacante Beppe Signori, que trocou de camisa com o reluzente Jorge Campos, arqueiro do México. Signori, todavia, apenas exibiu as cores do adversário, sem emitir uma palavra. Mais gentil, Carlo Ancelotti, o assistente de Sacchi, autografou blocos de notas e liberou um comentário irretocável: "Dificilmente deixaremos de conseguir a vaga. Depois, porém, pegaremos a Argentina (75% de probabilidades) ou a Suíça (25%). Necessitaremos melhorar muitíssimo para permanecer no Mundial". Texto Anterior: LANCE A LANCE Próximo Texto: Time torceu contra Camarões Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |