São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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FHC promete obras e diz que Lula mente

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, comparou ontem o petista Luiz Inácio Lula da Silva ao boneco Pinóquio e fez novas promessas de construção de estradas caso seja eleito.
Para FHC, Lula "não diz verdades sobre o plano econômico" e "corre o risco de ver seu nariz crescer".
Na história infantil, o nariz do personagem Pinóquio crescia a cada mentira que ele contava.
Segundo o tucano, seu adversário do PT afirma que houve congelamento de salários com as medidas do Plano Real e perdas salariais com a conversão para a URV (Unidade Real de Valor).
"Tanto a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) como o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos, ligado aos sindicatos de trabalhadores) mostram que isso não aconteceu", afirmou Fernando Henrique.
Ele disse que aceita participar do debate que está sendo organizado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
"Há 45 dias eu já queria debater com o Lula sobre o real", alegou o candidato.
O debate está previsto para ocorrer no próximo dia 28 de julho, em Brasília. Deve ser transmitido ao vivo, a partir das 21h30, pela TV Bandeirantes.
Ontem, o governador do Pará, Carlos Santos (PP), oficializou seu apoio a FHC.
Segundo Santos, o ex-governador Jáder Barbalho (PMDB), que se desincompatibilizou do cargo para concorrer ao Senado, continuará a apoiar o candidato peemedebista à Presidência, Orestes Quércia.
Promessas
No encontro com o governador, FHC aproveitou para dizer que, se eleito, irá concluir a estrada Cuiabá (MT)-Santarém (PA).
Também disse que vai estudar uma solução para levar energia elétrica da Usina de Tucuruí para a região oeste do Pará.
Com relação à agricultura, FHC afirmou que precisa ser mais explorada a área de várzea do rio Tapajós, "como o Egito faz com o rio Nilo".`
O governador Carlos Santos alegou que o tucano deveria "fazer uma opção pelos pobres" em seu eventual governo, o que foi prontamente aceito pelo candidato.
"Esta é a opção e já faço isso ao acabar com a inflação, que é o grande fator de concentração de renda", afirmou FHC.
Fernando Henrique passou o dia em seu comitê central em Brasília e recebeu o apoio de mais um ministro do governo Itamar Franco –Alexis Stepanenko (Minas e Energia).
"Vim me engajar à campanha, mas como eleitor e não como ministro", disse Stepanenko.
Anteontem, o ministro-chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, já havia dado seu apoio explícito à candidatura tucana.
Neste dia, o ministro Hargreaves submeteu ao comando da campanha de Fernando Henrique a medida provisória da implantação do real.
Ontem à noite, o candidato do PSDB também iria se reunir com o embaixador do Estados Unidos no Brasil, Melvyn Levitsky.

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