São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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Sauditas surpreendem, vencem a Bélgica e ficam em 2º no Grupo F

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Nas bolsas de aposta nos EUA, as chances de a Arábia Saudita ganhar a Copa do Mundo passaram de uma em 500 para uma em 40 depois da sua vitória sobre a Bélgica por um a zero, ontem, em Washington.
Num jogo muito disputado até o último minuto e cheio de lances bonitos, os sauditas conseguiram um dos mais surpreendentes resultados da fase classificatória do torneio.
O público, de 52.959 pessoas, a maioria absoluta de norte-americanos, aplaudiu os jogadores sauditas, treinados pelo argentino Jorge Solari.
Logo aos 5 minutos, o meia Owairan pegou a bola no seu campo, avançou, driblou quatro belgas e fez o único gol do jogo, o primeiro sofrido na Copa pelo goleiro Preud'homme.
A exemplo do que aconteceu no seu jogo de estréia, quando também marcaram primeiro contra os holandeses, os sauditas recuaram e passaram a jogar apenas na base de contra-ataques.
Durante boa parte do primeiro tempo, 21 jogadores (todos menos o goleiro Deayea) permaneceram no meio-campo da Arábia Saudita.
No primeiro tempo, os belgas finalizaram 14 vezes contra o gol saudita, onde Al Deayea, responsável pela derrota de seu time contra a Holanda, desta vez não falhou nenhuma.
Os sauditas só chegaram cinco vezes ao gol belga.
Mas depois do intervalo, os sauditas, que se atrasaram quase cinco minutos, deixando juízes, belgas e torcedores irritados, voltaram com outra tática: passaram a tentar segurar a Bélgica já no meio-de-campo.
Embora tivessem continuado a dominar o jogo e chutar mais contra o gol adversário, os belgas tiveram menos chances reais de empatar do que os sauditas de ampliar sua vantagem.
Por exemplo, aos 39 minutos, a Arábia Saudita perdeu uma grande chance, num cruzamento da direita. Mas a zaga belga conseguiu, desesperada, impedir que a bola entrasse no gol.
O calor (32 graus Celsius no início do jogo) voltou a ser um fator de vantagem para os árabes. Os belgas se cansaram no início do segundo tempo e tinham dificuldades para acompanhar os ágeis atacantes sauditas.
Enquanto Preud'homme mantinha três garrafas de água dentro de seu gol, Al Deayea não tinha nenhuma no dele. Os jogadores da Bélgica também pediam gelo e água ao seu banco em frequência muito maior que os sauditas.
O juiz alemão Helmut Krugg deu dois cartões amarelos para cada time (Smidts e Scifo da Bélgica e Madani e Falatah da Arábia Saudita). Ele não cometeu erros técnicos durante o jogo.
O técnico Jorge Solari dedicou a vitória do seu time ao rei Fahd, da Arábia Saudita. O governo saudita dá apoio absoluto à sua seleção e dinheiro não é problema para comissão técnica e jogadores.
O treinador belga, Paul Van Himst, disse que o gol de Owairan desestabilizou seus jogadores e definiu o jogo no seu início.
Apesar da derrota, que a colocou em terceiro lugar no seu grupo (Holanda ficou em primeiro porque venceu a Arábia Saudita no confronto direto), a Bélgica também passou para as oitavas-de-final.
Os sauditas vão jogar contra a Suécia na próxima fase da Copa. Solari disse que "vai ser uma partida difícil", mas que "todos os jogadores estão preparados para vencer outra vez".

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