São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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Tango é o melhor fundo musical da cidade

SIMONE GALIB
DA ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

O tango continua como símbolo de uma época de romances, tragédias e paixões mal resolvidas, um passado de vitórias e fracassos.
Mas essa música, uma trilha sonora perfeita para se sentir Buenos Aires, toca hoje pouco nas rádios –somente em programas de madrugada e são aqueles com mais de 50 anos que continuam apaixonados pela música. Os jovens preferem o rock das danceterias badaladas da Recoleta.
Mesmo assim, a cidade perpetua o seu ritmo mais famoso em vários endereços. Alguns essencialmente turísticos, outros nem tanto.
San Thelmo, na zona sul, é o bairro boêmio, uma espécie de coração do tango. Dizem os argentinos que guarda a verdadeira alma portenha.
As ruas estreitas, de paralelepípedos, estão repletas de casarios e igrejas coloniais, como se fossem ainda cenários intactos das músicas de Carlos Gardel.
O bairro é ponto de encontro de intelectuais e artistas, que perambulam pelos seus inúmeros bares e restaurantes sem hora para fechar.
É ali que também se concentram algumas das famosas tanguerias, como La Ventana, programa obrigatório de quase todos os turistas que pisam na cidade.
Sempre lotadas –de estrangeiros–, essas casas oferecem shows folclóricos feitos sob medida para turistas. .
O jantar, com direito a performances de bailarinos e coreografias regionais, custa US$ 50 (cerca de 50 URVs).
O programa pode agradar aqueles que estão esperando ver apenas um espetáculo. A platéia não dança. É tudo muito produzido.
Quem quer ouvir tango de forma menos teatral, sai frustrado após quase duas horas de show.
Outra casa nesse mesmo estilo –e bastante frequentada por estrangeiros– é o Tango Mio, no bairro de La Boca. A produção é bem-cuidada e conta com um elenco de 40 profissionais, entre bailarinos e cantores.
No repertório do show, além de muitos passos de tango, não faltam os clássicos "No Llores por Mi Argentina", "El Dia en que Me Quieras" e "Caminito". O programa completo –jantar incluindo vinho nacional e cerveja– sai por US$ 55 por pessoa.
Fora desse circuito há lugares onde a música-símbolo da Argentina ainda vive de forma menos produzida. No bairro de Boedo, por exemplo, há o Clube Social e Juvenil que abre seus salões no final da tarde para os nostálgicos compassos da dança.
O bairro de Barracas também foi cenário para vários filmes e ainda hoje em seus bares é possível ouvir um pouco da história da música e do lugar.

SHOWS DE TANGO: La Ventana, rua Balcarce, 425, tel. 331-5392; Tango Mio: rua Ministro Brin, 1287, tel. 303-0568; Bar Sur: rua Estados Unidos, 299, tel. 362-6086.

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