São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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Entre um café e outro, saboreie a paisagem

SIMONE GALIB
DA ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

Buenos Aires é uma cidade onde se deve andar muito, a pé, sem pressa e sem perigo. É plana, bem-planejada, repleta de áreas verdes, praças e monumentos.
Comece pelo centro, rico em história, construções seculares, gente bonita, elegante e educada.
Entre num café, ou "confiteria" –como dizem os portenhos–, nem que for apenas para saborear a paisagem.
Olhe sempre para cima: as fachadas dos velhos edifícios, algumas ricamente ornamentadas, têm a marca da cultura européia, principalmente a francesa.
Siga para a Avenida de Mayo, que tem ao norte o Palácio do Congresso, em estilo greco-romano (1908), sede do Legislativo.
A avenida, a primeira da cidade, abriga desde 1913 em seu subsolo a primeira linha de metrô da América Latina.
Seguindo, ao sul, surge a Plaza de Mayo, palco importante da história argentina, das manifestações das mães dos desaparecidos na época da repressão política.
Foi a primeira praça da cidade. Até hoje é a mais importante e uma das mais fotografadas por turistas em Buenos Aires.
Em um de seus extremos fica o Palácio do Governo, popularmente conhecido como Casa Rosada. Bem no coração da praça, está a Pirâmide de Mayo, de 1912, que abriga o primeiro monumento da cidade, comemorativo do movimento emancipador de 1810.
Foi a primeira vez que os argentinos se rebelaram contra a colonização espanhola.
Não deixe de ver a belíssima Catedral Metropolitana (século 18), onde estão os restos mortais do general San Martín, o libertador da Argentina, Chile e Peru.
Buenos Aires tem cerca de 150 parques. Mas os Bosques de Palermo, na avenida Libertador General San Martín, é o maior e o mais frequentado da cidade. Com cinco lagos (quatro deles artificiais), pedalinhos, planetário e muita área verde, é o Ibirapuera portenho.
O parque abriga também os jardins zoológico e botânico, um complexo de pólo e o hipódromo argentino.
Sábado e domingo, claro, são os melhores dias para se circular por ali. Fica cheio de gente jovem e bonita, que vai correr, fazer ginástica ou simplesmente ler um livro.
O nome do parque se origina do bairro Palermo, o maior da cidade. Tem um certo ar europeu, com luxuosas residências, sedes de embaixadas e monumentos arquitetônicos a cada esquina.
Para continuar na badalação, nada melhor do que a Recoleta. Em torno do cemitério que leva o seu nome, se encontra um dos melhores locais da cidade para ver e ser visto.
Os inúmeros cafés com mesas na calçada, boates, restaurantes charmosos e sofisticadas lojas de grifes internacionais lembram um pouco Paris.
Já os seus frequentadores, sempre muito elegantes, são bastante parecidos com aqueles que circulam pelos Jardins em São Paulo.
A Recoleta, como boa parte da cidade, não tem hora para fechar. As pessoas andam pelas ruas até alta madrugada. Aliás, quem chegar a uma boate ou restaurante por volta da meia-noite vai encontrar pouca gente. O agito começa, mesmo, após as duas da manhã.
Aliás, as danceterias só abrem a partir da 1h. Os cafés esperam até o último cliente e dificilmente um garçom fica de braços cruzados esperando o cliente sair da mesa. Mesmo que ele esteja apenas lendo um jornal ou vendo o tempo passar. Isto é Buenos Aires.

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