São Paulo, sexta-feira, 1 de julho de 1994
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Prefeito diz que avaliação é política

SÉRGIO MALBERGIER

DE LONDRES

O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, acha que a queda de sua popularidade, apontada pela pesquisa DataFolha, se deve mais a uma "avaliação política" do que objetiva de sua administração.
Maluf, em visita ao Reino Unido, disse à Folha que os 36% dos entrevistados que consideraram sua administração ruim/péssima correspondem ao apoio em São Paulo ao candidato do PT à Presidência, Luis Inácio Lula da Silva.

Folha - Como o sr. avalia a queda na aprovação de sua gestão?
Maluf - Essa coisa de avaliação precisa ser verificada. Em algumas cidades que tenho visitado eu não encontro cidade limpa, lixo coletado, e vejo o prefeito com 60, 70 pontos de aprovação. Então deve estar faltando alguma coisa na pesquisa, na composição da pergunta.
Folha - O sr. acha que a pesquisa não tem credibilidade?
Maluf - Toda pesquisa tem credibilidade. Resta saber os assuntos que se colocam, como se coloca a questão.
Folha - Mas a pergunta é: "Como você avalia a gestão do prefeito? Ótima, boa, regular, ruim ou péssima?"
Maluf - Mas aí é que está. Se temos 36% de ruim/péssimo e o Lula tem 36% dos votos na cidade de São Paulo, eu já sei exatamente de onde vêm estes 36%. Não há nenhuma dúvida de que é uma avaliação política.
Folha - O sr. está satisfeito com sua administração até aqui?
Maluf - Estou. A cidade está mais limpa. Peguei a cidade com 120 mil buracos catalogados. Hoje não há buracos nas ruas de São Paulo. Os jardins estão floridos, o lixo está sendo coletado, as obras todas foram terminadas.
Folha - O maior problema da cidade, apontado na pesquisa por 24% da população, é o transporte público. O que o sr. pretende fazer nesta área?
Maluf - Estes investimentos estão sendo feitos. Eles não dão resultados a curtíssimo prazo, mas darão resultado. Com os semáforos inteligentes, o término de obras viárias, corredores e ônibus novos, no fim da administração a população sentirá uma melhoria satisfatória. É nos transportes que estamos fazendo nosso maior investimento.
Folha - O segundo maior problema, apontado por 20%, é a saúde pública.
Maluf - Na saúde, o PT deixou uma bomba de retardamento que nós estamos corrigindo. Temos hoje um homem nesta área, o doutor Silvano Raia (secretário da Saúde), que é reconhecido mundialmente. Nós vamos pagar um salário extra para os médicos trabalharem sábado e domingo e acabar com pretextos para falta de pessoal. Agora, os maiores problemas colocados na pesquisa são supletivos. Saúde pública, por exemplo, é um direito que se tem quando se paga o ISS (federal).
Folha - O terceiro maior problema (9%) é o da habitação. O sr. prometeu construir 120 mil casas populares em seu governo. Quantas já foram construídas?
Maluf - Casa popular é um problema federal. É um problema do fundo de garantia. Mas o compromisso foi feito (na campanha eleitoral) e eu assumo. O que está faltando? O FGTS não está vindo para município nenhum. A CEF já tem US$ 1,4 bilhão no FGTS, que deveria estar à disposição para se construírem casas populares. Então como aplicamos? Já temos contratada com recursos próprios a reurbanização de 15 favelas. São 70 mil pessoas que serão beneficiadas. Se se colocam quatro pessoas por família, são mais de 17 mil casas. A Cohab está terminando mais 10 mil casas. De mutirão, temos mais 4.000 casas que estão dependendo de prestação de contas.
Folha - Mas está difícil chegar às 120 mil casas.
Maluf - São 30 mil por ano.

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