São Paulo, sexta-feira, 1 de julho de 1994
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REPERCUSSÃO

Fernando Henrique Cardoso, candidato do PSDB à Presidência
"Todos sabem que a taxa de juros vai cair e que a ciranda financeira vai acabar. Como eles ganhavam mais dinheiro no sistema financeiro do que no sistema produtivo, agora querem se garantir fazendo que o consumidor pague o pato. (...) Inflação com dois dígitos, daqui por diante, só se for anual."

Luiz Inacio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência
"A parte boa do plano foi o governo ter tido coragem de fazer alguma coisa." A parte ruim é que "o ajuste foi feito em cima dos trabalhadores".

Orestes Quércia, candidato do PMDB à Presidência
"Nada está previsto em continuidade à entrada do Real. Tudo acaba na eleição. O que o governo está fazendo é criar uma nova moeda equiparada ao dólar, o que fatalmente irá reduzir a inflação. Mas nada está previsto para depois. O plano irá prejudicar a empresa nacional, que terá dificuldades de exportação. É recessivo e deverá provocar desemprego. O ponto positivo e pelo qual vamos torcer é a possibilidade de baixar a inflação."

Leonel Brizola, candidato do PDT à Presidência
"O povo brasileiro não vai acreditar nesta farsa novamente. (...) "Logo que assumir, eu duplico o salário que o Itamar deixar. Se for US$ 75, vai para US$ 150."

Esperidião Amin, candidato à Presidência pelo PPR
Considera o plano eleitoreiro, "porque foi adotado sem os requisitos prévios, sem as alterações que a revisão constituicional propiciaria em questões politicas e econômicas e um ajuste fiscal e reformas na previdência. O ponto forte é que o plano não agride as regras vigentes. Não pratica a violência contra as leis do mercado nem os contratos em vigor. Não agride as regras pré-estabelecidas. Isso faz dele um plano melhor que os anteriores. O ponto fraco é que faz uma dolarização envergonhada."

Maria da Conceição Tavares, economista e candidata a deputada federal pelo PT
"No Plano Cruzado os economistas do governo fizeram "estelionato eleitoral", afirmou, mas antes aumentaram a capacidade de compra do salário mínimo. "Depois fizeram o estelionato eleitoral. Mas, no Plano Real, querem fazer estelionato eleitoral antes, com o salário de US$ 64,7 e os preços subindo sem parar há sete meses."

Mário Pereira (PMDB), governador do Paraná
"O plano vai dar certo e tem nos primeiros meses a garantia de sobrevivência. Acho que a inflação vai cair mesmo. Não abandonaremos esta chance. Todos têm que estar atentos em suas cidades para que os abusos não prejudiquem o plano. Acredito que ninguém vai permitir o fracasso do plano, mesmo o futuro presidente."

Antônio Carlos Konder Reis (PPR), governador de Santa Catarina
"Encaro o plano econômico com muita confiança. O governo do presidente Itamar Franco elaborou um elenco de medidas que não agrediram o mercado e que estão buscando a estabilidade econômica através do fortalecimento monetário. A inflação deve cair e chegar próximo do índice zero."

Cícero Lucena Filho (PMDB), governador da Paraíba
"Desejo que o real dê certo, para proporcionar melhores condições de vida para a população brasileira. Temos que ter consciência de que o plano busca o saneamento financeiro público e procura reverter a cultura inflacionária, que traz um grande custo social para todos. Creio que a inflação vai baixar, pelas condições propostas, embora haja quem deseje que não dê certo."

Aldo Tinoco Filho (PSDB), prefeito de Natal (RN)
"O real vai trazer a estabilidade econômica de que o país precisa e a inflação cairá. Como deve haver um resíduo, acho que no primeiro mês a inflação fica em torno de 3%. Agora, é preciso que haja um envolvimento do Congresso para aprovação da reforma tributária e do ajuste fiscal. Acho que as prefeituras de municípios pequenos terão problemas no início para equilibrar suas contas, já que elas sobrevivem dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios."

Geraldo Gardenali, secretário da Fazenda no governo Collor
"O plano não tem erro. Já houve um ajuste prévio de salário e a situação econômica é melhor do que a dos planos anteriores. Mas nenhum plano deu certo de saída e seu sucesso depende da administração e da força do governo. Os problemas agora são as reformas constitucionais e o fato de faltarem seis meses para o término do governo Itamar. O horizonte é curto e o plano depende de continuidade."

Carlos Antônio Luque, presidente da Ordem dos Economistas do Estado de São Paulo
"Não devemos entender a passagem de cruzeiro real para real como a última etapa do plano de estabilização. A taxa de inflação deve se manter baixa, ao redor de 5%, por alguns meses. Mas, se o Estado não recuperar a sua capacidade de investir na economia e promover a distribuição de renda, o plano vai voltar para o estágio dos planos anteriores e fracassar."

Sideval Aroni, presidente do Conselho Federal de Economia
"Sou otimista quanto ao Plano Real como etapa do processo de estabilização. Mas não sou otimista no médio prazo. O atual nível de reserva de dinheiro permite controlar a inflação no segundo semestre, mas, se não houver reformas como a tributária e a da Previdência, a inflação, que deve ficar em 5% em julho, voltará a crescer."

Roberto Macedo, secretário de Política Econômica no governo Collor
"O plano é o melhor desde os feitos no período pós-militar. Depende menos do controle de preços e muito mais das armas do governo para controlar a inflação e viabilizar as reformas fiscais e econômicas. Acredito que a inflação, em junho, fique entre 3% e 5%. Ter sido feito no final de governo é seu único problema."

Ademerval Garcia, presidente da Abecitrus (Associação Brasileira dos Exportadores de Citros)
"O Brasil precisava de um plano aberto, transparente. No caso do câmbio, teremos de absorver uma defasagem que espero que não seja longa. Será a quota, grande, de sacrifício que o setor exportador está disposto a dar para o sucesso do plano."

Edward J. Amadeo, economista e professor da PUC do Rio
"A fixação da emissão de reais de alguma maneira tem caráter simbólico. A equipe econômica insiste que as regras rígidas de emissão servirão como âncora para dar confiabilidade ao plano, porque o Banco Central não emitirá um centavo a mais do que o determinado. Acontece que há muitos anos o BC não financia gastos do Tesouro maiores que a arrecadação. O que tem pressionado os gastos da União e do BC são a entrada de divisas e o pagamento de juros. Portanto, não passa de retórica vazia a idéia de que o BC não financiará gastos inflacionários."

Laércio Nery, vice-presidente comercial e de negócios do Banco Econômico
"O Plano é bom. Oferece uma grande perspectiva de estabelecer para o país duas condições importantes para a economia e fundamentais para a justiça social: moeda forte e economia estável. Acho que o plano prevê mais consumo, é natural. E, na medida em que for dando certo, mais pode crescer o poder de consumo."

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