São Paulo, sexta-feira, 1 de julho de 1994
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Plano prevê câmbio fixo durante seis meses

Quem cobrar preço abusivo 'vai quebrar', diz Ricupero

SÔNIA MOSSRI ; INÁCIO MUZZI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O congelamento do câmbio em até seis meses e um rígido controle sobre o volume da nova moeda em circulação na economia são a base do Plano Real para baixar a inflação e conter a alta de preços.
O ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, disse ontem que o empresário que praticar preços abusivos "vai quebrar".
"Desta vez é pra valer. Quem tentar fazer os preços subirem, não vai ter moeda para isso".
Ricupero disse que os preços vão cair. Isso ocorrerá não porque o governo usará a "a polícia contra os preços, mas porque a oferta de moeda não permitirá que esses preços sejam corroborados pelas compras dos consumidores".
O ministro e a equipe não admitem o congelamento do câmbio. Preferem a expressão "câmbio fixo por tempo indeterminado".
A Folha apurou que a intenção da Fazenda é congelar o câmbio até dezembro, forçando uma queda nos preços da economia.
Esse mecanismo é classificado reservadamente pelo diretor de Assuntos Internacionais, Gustavo Franco, como "sustentação do câmbio".
"É nossa intenção manter o câmbio estável o maior tempo possível", disse Ricupero.
O ministro avalia que a situação confortável das reservas internacionais, cerca de US$ 40 bilhões, e antecipação dos contratos de câmbio pelos exportadores facilitarão a estabilidade cambial.
As reservas permitem ao BC intervir no mercado para forçar uma baixa na taxa de câmbio caso haja movimento especulativo.
Sabendo da conhecida irritação do presidente Itamar com a elevação das taxas de juros, o ministro da Fazenda preferiu dizer ontem que elas serão "prudentes no início" do Plano Real.
Ricupero comprometeu-se com Itamar a elevar os juros somente noss primeiros 30 dias do real. Essa alta é necessária para evitar fuga de recursos das aplicações financeiras, aumento de consumo e especulação com estoques.
O secretário de Política Econômica, Winston Frisch, cita também a Lei Antitruste, a liberalização das importações e o controle das tarifas públicas como fatores que também contribuirão para a estabilização de preços.

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