São Paulo, sexta-feira, 1 de julho de 1994
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"Coquetel" de cinco drogas afasta Maradona dos campos de futebol

NOELLY RUSSO
ENVIADA ESPECIAL A DALLAS

'Coquetel' de cinco drogas afasta Maradona dos campos de futebol
Antidoping é confirmado, Argentina corta jogador e Fifa anuncia suspensão por tempo indeterminado
O jogador argentino Diego Armando Maradona, 33, foi suspenso dos jogos de futebol por tempo indeterminado pela Fifa devido ao uso de substâncias estimulantes proibidas pela entidade.
Antes do anúncio oficial da punição, ele foi afastado pela AFA (Associação Argentina de Futebol) e não atua mais pela seleção.
Ontem à noite, Maradona deu suas primeira declarações após o anúncio do doping. "Não me droguei. Na única vez em que me droguei contei tudo à juíza. Mas dessa vez não fiz nada, juro por minhas filhas", afirmou o meio-campista argentino em entrevista ao Canal 13 de Buenos Aires.
Se tivesse atuado ontem contra a Bulgária, Maradona completaria 22 partidas em Copas, batendo o recorde de jogos em Mundiais.
O exame antidoping realizado após o jogo em que a Argentina venceu a Nigéria por 2 a 1, no último dia 25, deu resultado positivo. A contraprova, realizada anteontem, confirmou o doping.
A delegação argentina não será punida e manterá os três pontos obtidos no jogo contra a Nigéria.
Segundo o secretário-geral da Fifa, Joseph Blatter, é necessário mais de um jogador dopado para que a Fifa retire os pontos.
Foi constatada a presença de cinco substâncias estimulantes na urina do jogador: efedrina, norefedrina, pseudoefedrina, norpseudoefedrina e metaefedrina.
A efedrina é um estimulante que atua no sistema nervoso central, melhorando os reflexos, a concentração e proporcionando uma melhor irrigação dos músculos.
As duas primeiras substâncias são proibidas pela Fifa e constituem doping. As outras três são sempre investigadas pela entidade quando acusadas no exame, mas podem ou não implicar doping.
Segundo o médico Michel D'Hooghe, chefe da Comissão Médica da Fifa, o jogador teria feito um "coquetel" de remédios.
"Não existe nenhum medicamento que tenha todas as substâncias juntas", disse. D'Hooghe não quis revelar em que quantidades as substâncias foram encontradas.
O médico da seleção argentina, Francisco Ugaldi, disse que não receitou nada ao jogador que tivesse essas substâncias.
"Diego só me disse que havia tomado o remédio quando soube do exame antidoping. Se eu soubesse o que tinha feito, não o colocaria no jogo", afirmou.
Maradona teria comprado o remédio Nastizol –que contém efedrina– na Argentina. Teria usado o remédio para tratar de uma gripe.
Maradona foi avisado do resultado do exame pelo presidente da AFA, Julio Grondona, no dia 28 à tarde –mesmo dia em que a Fifa ficou sabendo do doping.
A Fifa vai organizar uma comissão especial para determinar a pena definitiva a ser imposta ao jogador. Essa comissão será composta por membros da Fifa e da AFA.
Os antecedentes do jogador serão levados em consideração para que a comissão dê seu veredito final. Em abril de 91, Maradona foi suspenso por 15 meses pela Federação Italiana por uso de cocaína.
O presidente da Fifa, João Havelange, esteve ontem em Dallas para acompanhar pessoalmente o anúncio oficial da punição.

Leia mais sobre Maradona nas páginas 5 e 6.

Colaborou RODRIGO LEITE

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