São Paulo, sexta-feira, 1 de julho de 1994 |
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Maradona admite abandonar o futebol
NOELLY RUSSO; RODRIGO LEITE
Maradona se diz vítima de uma "vendetta" (expressão italiana que define complô). "Já paguei pelo único erro que cometi (o uso de cocaína, em 91), mas agora sou inocente." Na entrevista, concedida ao Canal 13 de Buenos Aires no seu quarto de hotel em Dallas, Maradona tinha os olhos cheios de lágrimas, mas não chorou em momento algum. "Prometi a minha mulher que não ia chorar", disse. Maradona pretende permanecer nos EUA, junto aos colegas, "para incentivá-los". Ele não joga mais no Mundial. Apesar de excluído do time pela AFA (Associação Argentina de Futebol), não foi expulso da delegação. A partida de ontem seria a 22ª de Maradona pela seleção argentina. Seria o recorde de participações em Mundiais. O meia argentino não dormiu de quarta para quinta-feira. Por volta das 12h de quarta, em Boston, recebeu o resultado do teste. Chegou a Dallas, perto das 15h, foi para seu quarto e só saiu de lá para o estádio, onde a equipe não treinou. Por 40 minutos ficou sentado embaixo das traves do gol, enquanto o presidente da AFA anunciava oficialmente seu doping para jornalistas de todo o mundo. Às 2h de quinta-feira, o médico Roberto Peidró, seu advogado Daniel Bolotnikoff e mais oito pessoas voltaram de Los Angeles com o segundo resultado positivo. Maradona ainda esteve acordado por pelo menos mais duas horas, falando com seu advogado, com o presidente da AFA e com dirigentes argentinos. Ontem, não saiu do hotel. Ficou na piscina pela manhã com outros jogadores e não acompanhou o time ao estádio Cotton Bowl. Ficou em seu quarto com a mulher, a família e alguns membros da equipe onde planejava assistir à partida pela televisão. O médico Francisco Ugaldi disse que Maradona recebeu o resultado do teste mudo. Disse que o jogador não chegou a explicar porque se automedicou e porque não avisou ninguém sobre isso. Ele estava com a mulher Claudia e com as filhas Dalma e Gianninna em Dallas. Ninguém de sua família apareceu. O jogador soube da decisão da AFA ainda na madrugada de ontem, logo depois que o segundo resultado chegou a Dallas. "Decidimos bani-lo para o bem de todos. Essa era a única decisão a ser tomada. Conheço as entrelinhas da Fifa e foi melhor mesmo para ele essa decisão", disse Julio Grandona, presidente da AFA. Para Joseph Blatter, secretário-geral da Fifa, "o mundial perdeu um grande jogador. Talvez o melhor que já apareceu depois de Pelé. Mas regras são regras." Maradona tomou alguns outros remédios –não especificados pela delegação argentina–, mas nenhum com substâncias proibidas. (Noelly Russo e Rodrigo Leite) Texto Anterior: Ricardo Rocha não volta ao time Próximo Texto: Efedrina dá maior força e melhora reflexos Índice |
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