São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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Sarney acha que real leva FHC ao 2º turno

Para ele, há condições favoráveis para o plano dar certo

TALES FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador José Sarney (PMDB-AP) disse à Folha que o Plano Real "tem todas as condições de dar certo". Ele se encontrou anteontem, no Palácio do Planalto, com o presidente Itamar Franco, a quem garantiu "total apoio" ao plano, mas cobrou o que chamou de " um programa social de emergência".
Na prática, Sarney já está apoiando o candidato do PSDB à Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso. Mas desistiu de anunciar publicamente seu engajamento à campanha.
Sarney disse a Itamar que, com o plano, FHC "já está no segundo turno" das eleições, que deverá disputar com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Nas suas últimas conversas reservadas, o senador tem avaliado que Lula está "irremediavelmente ferido" nas eleições.
Sarney atribui o eventual fracasso do presidenciável petista a três motivos: 1) O provável sucesso do Plano Real; 2) a tentativa de correntes do PT de colocar a legalizão do aborto no programa de governo; 3) as denúncias de que o vice de Lula, senador José Paulo Bisol (PSB), tentou se beneficiar de verbas do Orçamento.
O ex-presidente disse a Itamar que, no Maranhão, FHC deverá vencer as eleições. Contou que sua filha e candidata ao governo do Estado, Roseana Sarney (PFL), já está fazendo campanha para o candidato tucano.
Mas Sarney só pretende dar demonstrações de simpatia por Fernando Henrique através de manifestações sobre o plano econômico. Assim mesmo, sempre cobrando do plano "perspectivas sociais" e afirmando que essa foi a tônica do plano implantado em seu governo, o Plano Cruzado (1986).
Antes de fracassar, o Cruzado conseguiu estancar temporariamente a inflação e garantiu até hoje a popularidade de Sarney. Para o ex-presidente, o Plano Real ocorre "num ambiente mais favorável" do que aquele de 86.
"A situação mundial é melhor, com os países já não mais divididos em blocos de esquerda ou direita. O atual plano conta com apoio financeiro internacional e o Brasil tem reservas cambiais nunca antes alcançadas", argumenta.
Nas suas conversas reservadas, Sarney afirma que já não espera mais concorrer ao Planalto pelo PMDB, nem mesmo numa eventual renúncia do atual candidato, Orestes Quércia. Nesse caso, ele avalia que o partido vai, em sua maioria, apoiar FHC.
O senador diz, nessas conversas, que teme problemas no país, tanto no caso da vitória do petista como na do tucano. E que, para poder transitar em todas as correntes e ajudar o país nos momentos difíceis, não pretende anunciar o apoio a qualquer candidato.

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